APRESENTAÇÃO
Embora
meus escritos neste blog estejam mais voltados ao domínio da história, achei
por bem fazer uma postagem sobre um assunto de natureza científica, visto que é
de grande interesse às pessoas e em especial aos homens.
Tendo
passado por uma cirurgia de próstata aos 66 anos (raspagem) após delongar o
assunto por algum tempo devido ao medo das consequências, fiquei perfeitamente
bem e livre dos incômodos que a alteração daquela glândula me causava.
Atualmente
tenho acompanhado as dificuldades de alguns companheiros de igreja que
protelaram o tratamento necessário, tornando o processo muito mais complicado e
sofrido.
Não são
poucos também aqueles que conviveram conosco em nossa vida de trabalho e que
foram acometidos de câncer de próstata indo a óbito. Talvez um tratamento em
tempo mais adequado pudesse ter evitado o desfecho fatal.
Aceitem,
pois, esta publicação como uma colaboração de minha parte e se ainda não
iniciaram tratamento preventivo da próstata e tem mais de 40 anos de idade, se
apressem em fazê-lo. O assunto é muito sério.
Pesquisei e
encontrei oportuna entrevista concedida ao Dr. Drauzio Varella pelo Dr.Miguel
Srougi, que é médico, professor de Urologia na Escola Paulista de Medicina da
UNIFESP, Universidade Federal de São Paulo e autor do livro “Próstata: Isso É
Com Você”, lançado pela Publifolha e dirigido ao público leigo.
O Dr. Drauzio
Varella, 71 anos, é um médico oncologista, cientista e escritor brasileiro,
formado pela Universidade de São Paulo, conhecido por popularizar a medicina no Brasil,
através de programas de rádio e TV.
Homens: Invistam um pouquinho de seu tempo na leitura
desta matéria. Ela vai te orientar a respeito do assunto. Mulheres: Fiquem por
dentro também, visto que os homens, na sua maioria, são arredios a procurar médicos,
principalmente sobre este assunto que ainda tem muito de tabu.
PRINCIPAIS
PROBLEMAS QUE ACONTECEM COM A PRÓSTATA
Dr.
Miguel Srougi é médico, professor de Urologia na Escola Paulista de Medicina da
UNIFESP, Universidade Federal de São Paulo. É autor do livro “Próstata: Isso É
Com Você”, lançado pela Publifolha e dirigido ao público leigo.
A
próstata é uma glândula que tem o tamanho aproximado de uma castanha e produz o
líquido espermático ou esperma, substância que contém nutrientes e serve de
veículo para os espermatozoides chegarem até o óvulo. Ela se localiza muito
perto da bexiga, um órgão
muscular que se distende à medida que a urina se acumula em seu interior. Da
bexiga sai a uretra, um canal longo que atravessa a próstata e o pênis até
ganhar o meio exterior. A proximidade entre esses órgãos faz com que qualquer
problema que afete a próstata acabe repercutindo na bexiga e na uretra.
Hiperplasia
e câncer de próstata são patologias frequentes na vida adulta do homem. A
hiperplasia caracteriza-se pela multiplicação benigna das células prostáticas.
Quando isso acontece, o aumento da próstata comprime bexiga e uretra e provoca
dois sintomas. O primeiro é a dificuldade para urinar. A pessoa é obrigada a
fazer esforço para vencer a passagem comprometida pela compressão da glândula,
o jato urinário fica mais fino e perde a potência. O segundo é a redução da
capacidade de a bexiga reter urina. Quem tem hiperplasia de próstata urina com
maior freqüência, especialmente à noite o que pode comprometer a qualidade do
sono.
SAIBA MAIS
1.
Doenças e sintomas
A hiperplasia é uma lesão benigna. Já no câncer de próstata,
as células prostáticas perdem a inibição, crescem e invadem os tecidos
vizinhos. O câncer é um processo maligno que traz consigo uma série de
outros problemas.
Drauzio – Como funciona a
próstata no decorrer da vida do homem?
Miguel Srougi – A
próstata é uma glândula que se situa na saída da bexiga e produz esperma, o
líquido que transporta os espermatozoides até o meio exterior. Por isso, ela
tem uma função biológica relevante na fase reprodutora do homem, naquela em que
quer ter filhos. A partir dos 40 anos de idade, seu papel se transforma. Ela
passa a ser um órgão indesejável por causa do crescimento benigno que ocorre em
80%, 90% dos homens adultos. Esse crescimento não provoca complicações mais
sérias, mas prejudica a qualidade de vida em razão do aparecimento de
transtornos para urinar.
Drauzio – Não é um contrassenso um órgão que vai perdendo a
função, em vez de atrofiar, ir aumentando de tamanho? Por que a próstata
hipertrofia com a idade?
Miguel Srougi – São
coisas que a natureza criou e que talvez nem a teoria evolucionista explique. É
possível que nossos irmãos do futuro até percam a próstata após a fase
reprodutora, mas por enquanto ela causa transtornos aos homens. Infelizmente,
além do crescimento benigno, é sede de um câncer muito comum. Um terço dos
tumores que se originam no organismo do homem partem da próstata. Essa alta
prevalência torna a glândula bastante inconveniente e gera problemas que
preocupam os médicos e a respeito dos quais a população masculina está
começando a tomar consciência.
Drauzio – Em que fase da vida começa a ocorrer a hiperplasia,
ou seja, o aumento benigno do volume da próstata?
Miguel Srougi – Ela se
inicia por volta dos 40 anos. Por isso, a partir dos 50 começam a surgir
problemas urinários em 80%, 90% dos homens, como a dificuldade para expelir a
urina e a necessidade de levantar várias vezes numa noite para ir ao banheiro.
Embora esse quadro não tenha nenhuma implicação futura para o doente, prejudica
sua qualidade de vida naquele momento.
Drauzio – Quais são os principais sintomas da hiperplasia?
Miguel Srougi – O
sintoma prevalente é a perda da força do jato. Isso os homens toleram bem. O
que mais os incomoda, no entanto, é o aumento da frequência urinária porque
compromete sua rotina de vida. O indivíduo é obrigado a sair mais de uma vez de
uma reunião importante para ir ao banheiro, ou começa a acordar muito durante a
noite para urinar e levanta cansado no outro dia.
Drauzio – Como fica o volume urinário com o aumento do número
de micções?
Miguel Srougi – O volume
urinário fica menor porque a bexiga perde um pouco a complacência.
Drauzio – Quem corre maior risco de apresentar hiperplasia de
próstata?
Miguel Srougi – Existem
três fatores de risco que levam ao crescimento benigno da próstata: história
familiar, pele negra e ingestão de gorduras. Quem tem pai ou irmão com
hiperplasia, apresenta três vezes mais possibilidade de desenvolver o problema
do quem não tem.
Drauzio – A próstata não provoca problemas exclusivamente na
velhice. Adolescentes podem ter problemas de próstata, as prostatites. O que
são prostatites e quais as causas mais freqüentes?
Miguel Srougi – Em
termos de saúde pública, trata-se de um problema menos relevante. Prostatite é
uma infecção da próstata provocada por bactérias do intestino que a contaminam.
É um problema que atinge adultos jovens e causa desconforto local, dor na
região genital e dificuldade para urinar. Felizmente, a prostatite responde bem
ao tratamento com medicações especificas, em especial, os antibióticos. Alguns
homens podem até ficar com manifestações crônicas, mas que não têm maiores
implicações.
Drauzio – Prostatites podem comprometer a capacidade de
ereção?
Miguel Srougi – A próstata está
ligada a certas fantasias negativas que surgem na cabeça do homem,
principalmente, ao risco de ver perturbada a função sexual. É uma suposição
falsa. A próstata nada tem a ver com a função sexual. Tem a ver com a função
reprodutora, com a capacidade de o homem ter filhos. O nervo da ereção que
passa do lado da próstata raramente é afetado, mesmo quando existe uma doença
nessa glândula. Nos casos de câncer, tratamento que demande intervenção
cirúrgica no local e radioterapia podem provocar lesões nesse nervo e isso,
sim, irá comprometer a atividade sexual. Quero enfatizar, entretanto, que nem
as prostatites, nem o câncer, quer benigno quer maligno, interferem com o
mecanismo da ereção.
Drauzio – A prevenção do câncer de próstata envolve o toque
retal, mas os homens costumam resistir a esse procedimento. Qual é sua
experiência a respeito do assunto?
Miguel Srougi – O
diagnóstico do câncer de próstata é feito de duas formas: pelo toque retal e
pelo exame de sangue chamado PSA (antígeno prostático específico), uma proteína
que só a próstata produz e que se eleva muito nos casos de câncer.
Na cabeça dos homens existe a fantasia de que o exame de PSA
é suficiente para o controle preventivo do câncer. Na realidade, não é. Ele
falha em 20% dos casos. Embora o de toque falhe em 35%, fazendo os dois juntos
a probabilidade de deixar escapar um problema cai para 8%. Portanto, um exame
não exclui o outro. Ao contrário, um complementa o outro na realização do
diagnóstico.
Os homens relutam em fazer o toque retal por dois motivos:
primeiro, por preconceito cultural típico do machismo latino. Segundo, por medo
de sentir dor. Eles são muito mais medrosos do que a mulher, que enfrenta
melhor qualquer situação dolorosa. O tempo me ensinou, porém, que o preconceito
já não é tão forte como antes. Eles resistem, fazem piadas, acham ruim, mas
acabam se submetendo ao exame de toque e no ano seguinte vêm tranquilos repetir
o exame porque perceberam que não dói.
Drauzio – Explique
como é feito o exame de toque. Introduzindo um dedo médio no reto do paciente,
o médico palpa a próstata. O que ele examina quando toca a próstata?
Miguel Srougi – O câncer
de próstata quase sempre aparece na face posterior da próstata. É aí que ele
cresce. Com o toque retal, o médico sente se há áreas endurecidas na próstata
que é um órgão de consistência mole. Quando surge o câncer, ela adquire a
consistência do osso dos dedos dobrados da mão. Dessa forma, é possível
perceber nitidamente quando se trata de hiperplasia, ou crescimento benigno da
próstata, ou de áreas duras que sugerem a presença de câncer. Nesse caso, o
passo seguinte é fazer uma biópsia para verificar se o tumor é realmente
maligno.
Drauzio – Como é feita a biópsia?
Miguel Srougi – A biópsia é feita com um
agulha que entra pelo reto. É um exame que cria um certo desconforto, mas os
médicos, cientes desse problema, o fazem sob pequena sedação do paciente. Ele
dorme três minutos, tempo suficiente para colher o material para análise.
Depois, o homem volta para casa ou vai trabalhar normalmente.
Drauzio – A biópsia só é feita quando há alguma suspeita de
tumor?
Miguel Srougi – A
biópsia é feita quando o exame de toque retal dá alterado e/ou o nível de PSA
está muito alto. É importante ressaltar que o fato de o PSA estar elevado não
indica necessariamente um câncer. Alguns doentes com crescimento benigno da
próstata e outros com pequenos focos de infecção nesse órgão produzem mais PSA
do que deveriam. No entanto, é fundamental que um homem com níveis elevados de
PSA procure um médico para diagnóstico preciso.
Drauzio – Há uma recomendação de que todos os homens acima
dos 50 anos façam exame de próstata. Por que acima dessa idade especificamente?
Miguel Srougi – A
preocupação dos médicos é basicamente o câncer de próstata, uma vez que, em
cada seis homens, um vai apresentar a doença. Câncer de próstata não produz
sintomas na fase inicial, exatamente a fase em que o interesse no diagnóstico é
maior, porque a doença é curável. Disso advém a importância do exame preventivo.
Como não produz sintomas, o tumor pode crescer de forma
silenciosa e, quando é descoberto, em geral, já atingiu os tecidos vizinhos e a
possibilidade de cura cai muito. Só para dar uma idéia, se o tumor ainda
estiver contido pela glândula, é curável em 90%, 95% dos casos. Se escapar
dali, mesmo antes de se espalhar, só por atingir os tecidos vizinhos, a chance
de cura cai para 35%.
Sobre isso, existem dados interessantes nos Estados Unidos.
Na década de 1960, 60% dos casos de câncer de próstata eram identificados já em
fase avançada, com tumores disseminados pelo organismo. Depois das campanhas de
prevenção, apenas de 6% a 10% dos doentes procuram assistência inicial com o
câncer espalhado, ou seja, com metástases. Isso mostra como a medicina,
enfocando o problema seriamente, conseguiu ajudar os homens em termos de saúde
pública.
Drauzio – O hormônio masculino tem algum peso nas patologias
da próstata?
Miguel Srougi – Durante
algum tempo, imaginou-se que a testosterona pudesse causar hiperplasia. Hoje,
se sabe que não. O hormônio masculino não causa nem crescimento exagerado da
próstata nem câncer, outro mito que existia.
Há homens que fazem reposição hormonal com testosterona com a
idéia falaciosa de que ela melhora a atividade intelectual, a força física, a
potência sexual e produz rejuvenescimento. Na verdade, a testosterona só
melhora a massa muscular e aumenta um pouquinho a libido, isto é, o apetite
sexual. O resto é pura fantasia.
O hormônio sexual masculino não causa câncer nem hiperplasia.
No entanto, se o indivíduo tiver um pequeno foco de câncer na próstata e tomar
testosterona, o crescimento do tumor será muito mais rápido. Por isso, ninguém
deve tomar testosterona sem antes procurar um médico para ter certeza de que
não é portador de doença maligna na próstata. Se isso ficar esclarecido e ele
decidir tomar o hormônio, deve fazer exames preventivos periódicos e com
regularidade.
Drauzio – Se em cada seis homens um vai ter câncer de
próstata, dando testosterona para cem homens, a incidência da doença será alta,
porque o tumor vai crescer mais depressa em 17% deles.
Miguel Srougi – Por
isso, pessoalmente condeno o uso rotineiro e indiscriminado da testosterona. Só
vale a pena indicá-la nos casos de grande deficiência desse hormônio.
A casuística que possibilitou chegar à porcentagem citada em
sua pergunta é americana. No Brasil, os números que parecem ser um pouco mais
favoráveis e animadores, a meu ver, não são consistentes. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), que é formado por pessoas de alto valor e grande
empenho, em 2013, irão surgir 35.000 novos casos de câncer de próstata em nosso
país. Nos Estados Unidos, estão esperando 220.000.
O que justificaria tamanha discrepância entre os dois
índices? Na verdade, acho que a incidência de câncer de próstata no Brasil é
igual à americana. Se fizermos uma biópsia em cem homens americanos com mais de
50 anos, descobriremos que 5% deles têm câncer de próstata. Se fizermos o mesmo
exame em cem brasileiros, o resultado será idêntico, só que aqui a previsão é
de 35.000 casos porque existe uma subnotificação. O INCA não consegue computar
o número de casos porque os médicos não notificam. Para ter uma idéia, vejo 40,
50 casos por mês que não são registrados em lugar nenhum.
Mais perverso do que isso é a indigência de nosso sistema de
saúde. Muitos homens brasileiros desenvolvem a doença e entram em padecimento
porque não são diagnosticados nem têm acesso ao sistema de saúde pública para o
diagnóstico precoce da doença.
Drauzio – Quais são os homens com maior risco de apresentar
câncer de próstata?
Miguel Srougi – Exames
de toque e de PSA são especialmente importantes para as pessoas com maior risco
de câncer: homens com história familiar da doença, negros e indivíduos com
dieta excessivamente gordurosa.
Nos Estados Unidos, pesquisas mostram que os negros têm três
vezes mais câncer de próstata do que os brancos. No Brasil, um trabalho
realizado pelo Dr. Edson Pasqualin, no pequeno município de Ipirá, na Bahia,
com 470 homens submetidos à biópsia, demonstrou que a incidência de câncer de
próstata foi 9 vezes maior nos negros do que nos brancos.
Outro grupo de risco é constituído pelos indivíduos com
histórico familiar da doença. Se a pessoa tiver pai, irmão ou os dois com
câncer de próstata, o risco de desenvolver a doença aumenta de duas a cinco
vezes. Nesses casos familiares, entretanto, o câncer costuma ser um pouco menos
agressivo.
Ao terceiro grupo de risco pertencem os indivíduos que comem
muita gordura. No norte da Europa e nos Estados Unidos, lugares em que a
ingestão de gordura é alta, o câncer de próstata é sete vezes mais comum do que
no Japão ou na China, países em que a população se alimenta basicamente de
peixes e cereais.
Trabalho interessante foi realizado nos Estados Unidos em
ratinhos com câncer de próstata induzido experimentalmente. Um grupo recebeu
dieta com 2% de gordura e o outro, com 40%. O tumor dos que receberam dieta
mais gordurosa demonstrou ser quatro vezes mais volumoso do que o tumor dos que
receberam pouca gordura e espalhou-se pelos outros tecidos do organismo.
Transcrito
de: http://drauziovarella.com.br/sexualidade/prostata/
FOTOS
Urologista Dr. Miguel Strougi
Dr. Drauzio Varella
Aparelho urinário masculino
CONCLUSÃO
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero em exercício da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo atualmente na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
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