INTRODUÇÃO
Por volta do ano dois mil e cinco o presbítero Saulo de
Oliveira, companheiro nas lides na Igreja Presbiteriana de Araçoiaba da Serra
emprestou-me um livro. O nome da obra: “Banks Ainda Hoje”, escrito
por Calebe Soares.
O amigo
Saulo sabia de minha admiração pelos Banks, pois sempre citava um deles em
minhas conversas ou mesmo nas aulas da Escola Dominical.
- Você conhece bem o neto, disse-me. Mas precisa saber o
que fez o avô dele. Leia isto aqui e depois me diga o que achou do trabalho
desse homem.
Apreciador de
História, li e gostei muito da narrativa bem elaborada do livro. Mas causou-me maior
admiração o trabalho de Willis Roberto Banks, um homem que foi convertido ao
Senhor Jesus Cristo e que, enfrentando grandes dificuldades, plantou uma igreja
e desta o Evangelho se irradiou para todo o litoral sul paulista.
Passados
alguns anos, sempre me lembrando da saga dos Banks, escrevi sobre o neto. Agora
senti o desejo de divulgar em meu blog de forma resumida o trabalho do avô pioneiro
e me vali de uma página do historiador oficial da Igreja Presbiteriana
do Brasil, Reverendo Valderi Matos de Souza. É o que você
verá em seguida.
PIONEIRISMO
“Willis Roberto Banks nasceu em Guaraqueçaba,
Paraná, em 15 de novembro de 1864. Seus pais eram norte-americanos. O
menino foi criado e educado em Curitiba e mais tarde conheceu na
localidade de Tibagi a jovem Vicência da Cruz Machado, natural de Santo
Ângelo, Rio Grande do Sul, com quem se casou.
Tiveram uma única filha,
Izaltina. Após residirem por algum tempo na fazenda do pai de Vicência,
em Tibagi, foram para o sertão do norte do Paraná, onde viveram por seis
ou sete anos.
Quando ali estavam, receberam a
visita de dois engenheiros norte-americanos que vinham medir terras em
missão do governo. Um deles era Guilherme Lane, filho do Dr. Horace M.
Lane, diretor do Mackenzie College, em São Paulo.
Regressando a Tibagi, Willis
começou a ler um Novo Testamento que lhe haviam dado em Curitiba.
Sentiu-se tocado pela conversão e pelas viagens de Paulo.
Inteligente e empreendedor,
inventou máquinas para fabricação de polvilho, tornou-se agrimensor e
adquiriu conhecimentos de medicina prática através da leitura de
uma conhecida obra de Chernoviz. Sempre inquieto, tornou-se
co-proprietário de uma padaria na cidade de Castro. Atendendo a apelos
insistentes da esposa do seu sócio, D. Fortunata Zimermann, entrou pela
primeira vez em um templo evangélico, na Igreja Presbiteriana. Gostou do
que ouviu e tornou-se freqüentador assíduo. Três meses depois, foi
recebido por profissão de fé pelo Rev. Thomas Jackson Porter. Sua
decisão foi muito mal recebida pela esposa, que havia ficado em Tibagi, e
pelos pais da mesma.
Porém, Fortunata e Vicência
haviam sido amigas de infância e esta acabou também aceitando o evangelho,
sendo recebida por profissão de fé pelo Rev. George L. Bickerstaph.
Foi então que Willis recebeu uma
carta do Dr. Horace Lane convidando-o para administrar a sua fazenda Poço
Grande, em Juquiá, no litoral sul de São Paulo. Essa fazenda havia
pertencido a uns norte-americanos que vieram para o Brasil após a Guerra Civil
em seu país (1862-65).
Depois de uma recusa inicial,
com insistência do Dr. Lane, Willis acabou aceitando o convite.
Foi visitar o local e teve má impressão, mas não quis voltar atrás em
sua palavra. Diante da resistência da família, conversou com o Rev.
Bickerstaph, que disse pressentir que Deus o chamava para uma obra
especial naquele lugar.
A família então empreendeu a
penosa viagem de carroça, trem, navio, vapor e canoa até a fazenda
Poço Grande, ali chegando no dia 16 de janeiro de 1897.
Willis começou a realizar cultos
domésticos, inicialmente sem intenção evangelística, mas a assistência foi
se tornando cada vez mais numerosa.
Através do Dr. Lane,
convidou o Rev. Modesto P. B. Carvalhosa para visitá-los. O Rev.
Carvalhosa, pastor da 2ª Igreja Presbiteriana de São Paulo, permaneceu por
mais de uma semana em Poço Grande, em meados de 1898, tendo recebido
trinta e seis pessoas por profissão de fé, inclusive Izaltina Banks, e
batizado vinte e seis menores. Surgiu assim a primeira Igreja
Presbiteriana e, na época, a única igreja evangélica do extenso litoral
sul-paulista, da qual Willis se tornaria presbítero.
A Igreja de Juquiá foi
formalmente organizada pelo Rev. Carvalhosa em 10 de outubro de 1900.
Nessa ocasião, Willis Banks foi eleito presbítero.
Sob a liderança de Willis, foi
construído um templo no topo de uma colina às margens do rio Juquiá, a
dois quilômetros de Poço Grande, no lugar conhecido como Morrinho.
Algum tempo depois, o casal Banks
iniciou uma escola em sua casa, onde também residiam os alunos, crianças
pobres que vinham de longe.
Com seus
modestos conhecimentos de medicina, prestavam assistência ao povo da
região, inclusive realizando pequenas cirurgias.
Depois de seis anos como
administrador da fazenda e evangelista da região, Willis resolveu voltar
para o Paraná. Fez a difícil viagem a São Paulo para comunicar a decisão.
Nessa viagem, que Willis fez diversas vezes para ir a reuniões do
presbitério ou do sínodo, ele tinha de caminhar até Osasco (quase 200
km) e então tomar o trem, já próximo de São Paulo. O Dr. Lane e o Rev.
Carvalhosa insistiram para que não abandonasse Juquiá. O casamento da
filha com um rapaz dessa cidade fez com que o casal desistisse de retornar
ao Paraná, passando a residir naquele local.
Iniciou-se uma igreja em Juquiá,
da qual um dos primeiros membros foi o Sr. João Adôrno Vassão, pai do
futuro Rev. Amantino A. Vassão.
Willis Banks prosseguiu com
seu ministério evangelístico e terapêutico. Inventou as chamadas “pílulas
Banks” para tratar as muitas pessoas atacadas pela verminose. Ao mesmo
tempo, visitava assiduamente as congregações nascentes e evangelizava os
lares.
Mais tarde, o casal Banks
residiu por cinco anos em Ponta Grossa. Nesse período, o campo
evangelístico de Juquiá foi visitado pelos Revs. Erasmo Braga, Coriolano
de Assunção, Júlio Sanguinetti, Robert Daffin, João Paulo de Camargo e
James Porter Smith.
Em 1918, o casal Banks e os netos
mais velhos foram residir no bairro da Lapa, em São Paulo. Mediante
autorização do Rev. Matatias Gomes dos Santos, pastor da Igreja Unida,
Willis iniciou uma escola dominical. Seu trabalho evangelístico
resultou no primeiro grupo de convertidos, que fizeram sua pública
profissão de fé na Igreja Unida e formaram o núcleo inicial da Igreja
Presbiteriana da Lapa.
Três anos mais tarde, o casal
Banks voltou para Juquiá. Como havia feito em Morrinho, Willis montou uma
olaria e construiu um belo templo.
Com um barco de alumínio
doado por uma igreja americana, continuou a viajar e a pregar por toda
a extensa região. Iniciou um ponto de pregação em Iguape, onde, entre os
primeiros convertidos, estavam o Sr. Evaristo Ribeiro e esposa, pais do
futuro Rev. Zaqueu Ribeiro. De Morrinho, Juquiá e Iguape, o evangelho
irradiou-se por todo o Vale do Ribeira.
Após cinco ou seis anos em Iguape, o velho casal retornou para Juquiá, onde D. Vicência faleceu em 20 de setembro de 1940, sendo oficiante em seu enterro o Rev. Amantino Vassão. Adoentado, Willis seguiu para São Paulo, onde os médicos, dentre eles o Dr. Job Lane, do Hospital Samaritano, diagnosticaram câncer no estômago.
Diante do seu desejo de ser
sepultado em Juquiá, foi levado de automóvel para aquela cidade. No dia
seguinte, 22 de março de 1942, um domingo, o dedicado evangelista faleceu
aos 77 anos de idade.
Ao longo dos anos, a Igreja do
Morrinho vem sendo um apreciado local para encontros e retiros dos
presbiterianos da região.”
Postagem sobre o Rev. Willes: http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2013/02/reverendo-willes-banks-leite-um-pouco.html
AUTORIA DO TEXTO
Fonte:
Adaptado do texto do
Rev. Alderi Souza de Matos
Pastor presbiteriano, Historiador oficial da IPB.
http://www.morrinho.com.br/sobre-o-morrinho.html
ACERVO FOTOGRÁFICO
Vale do Ribeira - Área de atuação do pioneiro
Casa da família Banks em Juquiá
Rua Willis Roberto Banks em Juquiá
Templo da I.P. de Morrinho
Templo da IP de Juquiá
Templo da IP de Iguape
Templo da IP da Lapa, SP
A histórica Morrinho...
Com o rio Juquiá passando nas
proximidades do templo
Rev. Alvehy Banks, bisneto pastor.
Na foto com a esposa Eneida
Na foto com a esposa Eneida
Rev. Eduardo Florêncio, pastor casado
com a bisneta Vicência
Site das fotos de Morrinho:
http://www.morrinho.com.br/paisagens-vista-dos-ranchos.html
Vídeo - Morrinho, Um Pedacinho do Céu
CONCLUSÃO
Quando
achamos que fizemos alguma coisa pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e
nos deparamos com o trabalho feito por homens de Deus como Willis Roberto Banks
ficamos até um tanto envergonhados. Sim, pois vivemos numa época em que temos
tudo mais facilitado: moramos em cidades, temos meios de locomoção facilitados,
templos bem edificados, obreiros teologicamente preparados, serviços de telecomunicações, recursos de áudio e som. Isto e
outras coisas mais que ele não teve.
Que o exemplo
de coragem, iniciativa e abnegação desse servo de Deus nos inspire para nos
dedicarmos mais à semeadura do Evangelho de Jesus Cristo.
AUTORIA DA POSTAGEM
Irmão Wilson, essa matéria tão bem estudada e tão bem elaborada com tanto zelo e dedicação, usando o que existe de mais avançado dos nossos recursos de telecomunicação dos nossos dias, certamente tem servido de incentivo e despertamento para a igreja de Cristo, e particularmente para a minha vida. Deus abençoe grandiosamente o irmão. Que com isto, possamos repensar cada vez mais na missão de Cristo que foi confiada a nós. Abraço fraterno.
ResponderExcluirMuito obrigado.
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