A Segunda Guerra Mundial, que iniciara em 1939 e cessou
em 1945 estava em pleno curso. O Brasil era presidido por Getúlio Vargas, que
em 1930 assumira o poder pela força, alegando fraudes nas eleições que foram
vencidas por Júlio Prestes de Albuquerque. Ele acabou ficando no Poder até
1945, quando foi sucedido pelo Marechal Eurico Gaspar Dutra. Vargas voltou à
Presidência, vencendo as eleições realizadas em 1950, mas não terminou seu
mandato, tendo se suicidado em 24-08-1954. Terminaram o mandato: João Café
Filho, Vice-Presidente; Carlos Luz (Presidente da Câmara Federal) e Nereu Ramos
(Presidente do Senado).
Juscelino Kubischek de Oliveira foi o próximo Presidente
da República. Fundou Brasília, para onde transferiu a capital do país. Abriu
estradas e deu grande impulso à industrialização, trazendo ao Brasil a
indústria automobilística. Foi sucedido por Jânio da Silva Quadros, o qual
renunciou após oito meses de governo. João Goulart, o Vice-Presidente assumiu,
porém foi deposto pelos militares em 1964.
Durante o período que estou abordando governaram o Estado
de São Paulo: Fernando de Souza Costa,
Sebastião Nogueira de Lima, José Carlos de Macedo Soares (como Interventores);
Adhemar de Barros, Lucas Nogueira Garcez e Jânio da Silva Quadros
(Governadores).
Depois disso entramos noutra fase da História e nossa
família sobre a qual falarei no próximo tópico, e que convivera com esses fatos
históricos morando no interior paulista, já moravam em Alumínio, que por força
da emancipação política de Mairinque em 1960, passou a fazer parte do novo
município.
A
SAGA DE UMA FAMÍLIA
Tenho nas redes sociais alguns amigos conterrâneos e
outros que são contemporâneos e curtem as coisas das últimas décadas do século
passado.
Assim, achei por bem fazer uma nova postagem, retratando
aquela época, mostrando através de fotos, os usos e costumes de nossa família,
dos vizinhos sitiantes e das demais pessoas. Já fiz uma postagem sobre os lugares em que morei na minha infância e juventude: no interior do Estado de São Paulo.
Minha exposição abrange os anos de 1940 a 1958, época em
que trabalhei com minha família, primeiramente no sítio e depois em diversas
olarias.
Um pouco antes de 1940 meu avô Sr. Joaquim Antonio
Ribeiro, conhecido por Florenção* comprou um sítio de dez alqueires na divisa
entre os municípios de Campos Novos Paulista e São Pedro do Turvo. Anos depois
passaria por essa divisa a BR 153 ou Rodovia Transbrasiliana, pela qual já
trasfegamos por diversas vezes no trecho entre Ourinhos e Marília.
Quando comprou o sítio, meu avô, que era casado com
d.Maria Cândida de Oliveira, levou os filhos Laurindo, Durvalino e Antonio,
sendo apenas Durvalino casado com d. Benedita Maria Ribeiro, que são meus pais.
José e Isolina, filhos mais velhos já eram casados e residiam num vilarejo não
muito distante dali, chamado Concórdia, mais conhecido pelo nome antigo,
Patrimônio do Macaco.
Nasci em 1941 e meus pais haviam levantado uma casinha de
pau-a-pique, coberta com tabuinhas serradas e pregadas uma nas outras. Meus
avós e os outros dois filhos moravam numa casa maior, muito antiga,também de
pau-a-pique.
Mais tarde meu tio Antonio casou-se com dona Maria e o
tio Laurindo casou-se com dona Orides. Para cada um deles foi feita uma casa de
madeira coberta com telhas comuns. As tábuas foram serradas de toras de peroba
que haviam sido derrubadas quando o sítio foi adquirido.
Eu fui o primogênito de Durvalino e Benedita. Depois
nasceram lá no sítio meus irmãos Nilson, José e Benedito. De meu tio Laurindo
nasceu uma filha e de meu tio Antonio também. Ambas receberam o nome de
Benedita.
Em 1951 tio Laurindo comprou as partes do sítio de seus
irmãos e lá ficou com sua família: a esposa Orides, a filha e o pai Joaquim,
que enviuvara em 1945.
Durvalino e Antonio colocaram suas famílias e as tralhas
em um caminhão e foram residir em um sítio no município de Santa Cruz do Rio
Pardo, onde iniciaram a vida de oleiros. Nesta profissão as duas famílias,
sempre juntas, trabalharam nos municípios de Ourinhos, Bernardino de Campos e
Ipaussu.
Ouvindo falar de uma fábrica chamada Cia. Brasileira de
Alumínio, a época no município de São Roque, os manos vieram até Alumínio para
iniciar uma nova vida. Antonio foi admitido de imediato, porém Durvalino com a
família fez tijolos durante os meses de janeiro a agosto de 1959 na Vila Paulo
Dias.
Em agosto de 1959 meu pai foi admitido na CBA, eu em
janeiro de 1960 e meus irmãos, um a um também o foram, inclusive o caçula Nivando.
* Joaquim Antonio Ribeiro, o
Florenção trabalhou na abertura da mata para a construção da Estrada de Ferro
Sorocabana no trecho entre Ourinhos e Piquerobi, oeste do Estado de São Paulo.
Faleceu em 1963 e está sepultado em sua terra natal, Campos Novos Paulista.
COMO
VIVIA O POVO DO MEU TEMPO DE INFÂNCIA E JUVENTUDE LÁ NO INTERIOR
A partir deste tópico procurarei mostrar como eram os
usos e costumes do povo lá da roça e das olarias por onde minha família viveu.
Dizem que uma foto vale por mil palavras. Então apelarei a elas para contar um
pouco a respeito dessa época, na medida do possível, seguindo uma ordem
cronológica.
Lá no sítio, como diziam, “tinha de um tudo”. O que não
havia era dinheiro a não ser um pouco com a venda dos excedentes das colheitas
de cereais. Meus pais faturavam um
dinheirinho vendendo doces e rosquinhas nas festas juninas que eram realizadas
pelos festeiros de Santo Antonio, São João e São Pedro. Com essa “receitinha
extra” comprava-se roupas, calçados e
outras coisas que não eram produzidas no sítio, como sal, açúcar, querosene e
alguns equipamentos para uso na própria agricultura.
Sobejava milho, arroz, feijão, mandioca, batata doce, abóbora,
carne de porco e de frango e muita melancia. Plantava se também algodão e meu
tio Laurindo tinha uma pequena plantação de café.
Não havia o hábito de se cultivar e de se alimentar de
verduras e legumes plantados, porém muitos comiam ervas nativas, tais como
caruru, serralha e cambuquira, que são os brotos das aboboreiras.
O leite era de cabras. O sabão e as roupas eram feitas em
casa. De vez em quando um mascate passava vendendo suas bugigangas. Peças de
tecidos, espelhos, pó de arroz e o quinquilharias diversas.
Meu pai e alguns amigos sitiantes, geralmente compadres entre si tinham como diversão as
caçadas aos domingos. Veado, paca, anta, capivara estavam entre os mamíferos
mais visados. Ele era bom de pontaria e caçava também muitos inhambus,
abundantes nos sítios por causa das palhadas de milho.
Caçava também
esporadicamente perdiz e pombas juritis. Estas últimas eu e meu irmão Nilson caçamos
muito com as arapucas quando moramos no Município de Bernardino de Campos.
Apanhávamos também com alçapão, pássaros de canto apreciado, como os canários
da terra, os pintassilgos e coleirinhas.
Terminado o curso primário em 1952 passei a ajudar meus
pais nos serviços de olaria e o fiz até os 18 anos. O Nilson também seguiu no
mesmo ritmo. Os três mais novos começaram a trabalhar quando a família já
estava morando em Alumínio. Todos cursaram o SENAI e se profissionalizaram na
CBA.
Ainda por falar no Nilson, eu costumo dizer que nós nos
bastávamos quando se tratava de nos divertirmos em nossa infância. Caçávamos
passarinhos, pescávamos e brincávamos com bola.
Divertíamos junto com alguns colegas com pião, bolinha de gude e outras
coisas daqueles tempos.
Talvez por causa disso eu tenha sentido demais a partida
precoce dele em 1991 com apenas 47 anos de idade, vitimado pela Doença de
Chagas, moléstia que quase me levou em julho deste ano. Sobre essa doença, ver
postagem específica: http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2013/09/doenca-de-chagas-minha-luta.html
Nas duas primeiras casas em que moramos, feitas de
pau-a-pique, havia muitos insetos, entre os quais aquilo que conhecíamos com o
“Chupança”, que na verdade é o “Barbeiro”, que causa essa doença incurável.
“FALANDO
ATRAVÉS DAS FOTOS”
Como já disse, vou procurar ilustrar o tema desta
postagem através de fotos, seguindo uma ordem natural das coisas. Comecemos
então pelas:
- moradia e seus equipamentos
Nossa primeira casa se parecia com essa.
Só que o telhado era de tabuinhas de madeira
Somente quando já tinha 14 anos
é que fomos morar numa casa dessas
E aos 15 anos numa dessas
Poço Caipira
Havia na chácara de Joaquim dos Santos, tio
de meu pai, em Campos Novos. Movia um
moinho para moer milho
- Agricultura de subsistência, beneficiamento e alimentos
- Escoamento de produtos agrícolas e meios de transporte
- Aves (domésticas e silvestres)
- Peixes
- Aimentos mais comuns
Frutas (inclusive algumas silvestres)
- Insetos, Vermes, Aracnídeos e outros
- Cobras brasileiras (venenosas e não venenosas)
- Trabalho nas olarias
- Cosméticos e relacionados
- Propagandas diversas e outras coisas antigas
- Som antigo e lazer
Objetos escolares (http://www.slideshare.net/ycaro1201/coisas-da-escola-de-antigamente-8578929)
Fotos das cidades mencionadas na postagem
- Música
e alguns dos artistas mais ouvidos nas cidades
- Vídeos com músicas sertanejas relativas ao tema desta postagem
UMA MENÇÃO MUITO ESPECIAL
Neste espaço desejo fazer uma menção muito especial a uma pessoa que foi muito importante em minha vida: Genésio Batista Rosa, meu tio, irmão de minha mãe.
Para poder concluir meu curso primário, morei na casa da família dele de agosto de 1951 a dezembro de 1952 em Santa Cruz do Rio Pardo.
Quando eu já havia retornado para a olaria no sítio ele casou-se com a jovem bonita chama Marcolina Dutra e anos depois Deus deu a eles o privilégio de serem pais de minha prima querida Sueli Aparecida Rosa.
Quando me casei com a moça Claudineide em 1965 nossos padrinhos de casamento no religioso foram tio Genésio e tia Marcolina
Nunca deixamos de procurá-los, primeiramente em Santa Cruz e depois em Bauru.
Meu tio amado foi chamado à eternidade, porém pudemos passar junto dele alguns de seus últimos momentos aqui na terra.
Fica registrado meu preito de gratidão e saudade ao meu querido tio e votos de muita saúde a sua família.
CONCLUSÃO
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação, ou por mensagem no Facebook.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero em exercício da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo atualmente na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Parabens professor pela linda materia, gostei muito me fez recordar a minha infancia tbem, as fotos ilustraram muito a materia. um abraço.
ResponderExcluirMuito obrigado!
ResponderExcluirMuito bom. Parabéns
ResponderExcluirMeu prezado irmão Wilson:
ResponderExcluirQue bonito, embora eu seja mais "novo" que o irmão, fiz também uma viagem no tempo, e relembrei muitas coisas da minha infância nos idos de 1960. Parabéns pelo trabalho. Um forte abraço, o conservo em Cristo: Pr. Norberto Santandréa