APRESENTAÇÃO
Ainda bem pequeno ouvia as narrativas de meu avô paterno Joaquim Antonio Ribeiro, mais conhecido por Florenção sobre as aventuras dele trabalhando na abertura da Estrada de Ferro Sorocabana no trecho que seguiu de Ourinhos em direção ao oeste do Estado de São Paulo.
Ele, como vigia no acampamento, tinha também como incumbência caçar animais para que a carne fosse preparada e servida aos trabalhadores. Muitas vezes ele e seus companheiros de função tiveram enfrentamentos com índios que habitavam a região no início do século XX.
Dessa forma, embora me considere descendente de um pioneiro da E.F. Sorocabana,só fui viajar de
trem pela primeira vez em 1955, no trecho que vai de Bernardino de Campos até
São Bartolomeu, na região de Avaré. Até então eu nunca tinha visto de perto uma
locomotiva e olha que já estava com quatorze anos de idade. Fui a um casamento
com amigos.
Não me
lembro se a locomotiva da E.F. Sorocabana era movida a diesel ou eletricidade.
Fiquei com medo quando vi que os trilhos não eram como eu pensava: achava que
era uma espécie de calha onde as rodas deslizavam.
Algum tempo
depois viajei com meus pais de Bernardino a Santa Cruz do Rio Pardo. Era um
ramal de aproximadamente trinta quilômetros e a locomotiva era a vapor, ou
seja, a “Maria Fumaça”. Entre as duas cidades existia a estação de Sodrélia.
Em dezembro de 1958 ocorreu a viagem mais longa: Viemos de mudança de Ipaussu, interior do Estado de São Paulo para Alumínio. O trem era o “Ouro Verde”, que era um trem de passageiros, só superado em conforto pelo “Ouro Branco”. Nossa mudança viera em outro trem na véspera.
Em fins de
1959 tive de fazer uma cirurgia de varizes para ser admitido na Companhia
Brasileira de Alumínio. A cirurgia aconteceu na Santa Casa no Largo do Arouche
e eu fiz doze viagens no trem chamado “Subúrbio”, que parava em todas as
estações.
Depois de outras
viagens a São Paulo com minha esposa e filhos ficamos em contato com as
composições que passavam ao lado do antigo prédio do Escritório da CBA onde
laboramos durante trinta e um anos. No final da década de 1970 em Alumínio a rua em que morávamos ficava
paralela e muito próxima da estação da ferroviária da localidade.
Agora senti
o desejo de escrever alguma coisa sobre os trens, mais especificamente sobre a
Estrada de Ferro Sorocabana, com ênfase no trecho entre Sorocaba e Mairinque. É a área em que tenho vivido e convivido com o povo desde 1958 até os dias de hoje.
Aos ferroviários que laboraram na E.F.S. e seus descendentes dedico este meu trabalho.
A HISTÓRIA DA E.F.S.
Pesquisando
na Internet sobre o assunto, optei pelo site Wikipédia, que é aquele que traz o
assunto o mais completo possível e de forma bastante condensada. Vamos ao
relato:
Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Comendador Gualberto Tenor; Ricardo Anacleto; Vagner Abreu; Alberto Del Bianco; Rafael Asquini; Diovanni Resende; Marcelo Tálamo; Wanderley Duck; Ricardo Koracsony; Adriano Martins; Folha de S. Paulo, 1961; Correio Paulistano, 25/1/1930; Fon-Fon, 1930; E. F. Sorocabana: relatórios anuais, 1872-1969; Noventa anos da Sorocabana, 1960; IBGE, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht.
A ESTAÇÃO DE MAIRINQUE
“A Companhia Estrada de Ferro Sorocabana
foi criada em 2 de fevereiro de 1870 por
empresários sorocabanos liderados pelo comerciante de algodão Luís Mateus Maylasky, cidadão austro-húngaro, com um
capital inicial de 1 200 contos de réis, posteriormente elevado para 4 mil
contos. Maylasky obteve da então província de São Paulo uma garantia de juros de 7% ao ano sobre
o capital que fosse investido na ferrovia.
O primeiro trecho da ferrovia foi inaugurado em 10 de julho de 1875 e era
formado por uma única linha, em bitola métrica, entre São Paulo e a fábrica de ferro de Ipanema, passando por Sorocaba.
Inicialmente concebida para transportar as safras
de algodão, as
receitas geradas pelo transporte desse produto logo se revelaram insuficientes,
levando a ferrovia a enfrentar sérias dificuldades financeiras. Em assembleia
geral realizada no dia 15 de maio de 1880 Luís Mateus Maylasky foi demitido e substituído
por Francisco de Paula Mayrink, que acusou
seu predecessor de gestão ilegal, malversação de fundos e inclusive de
desfalque.
Mayrink, convencido que o sucesso da ferrovia
estava condicionado ao transporte do café, expande seus trilhos na direção de Botucatu, para atingir regiões cafeeiras indo até Assis, onde se localizavam as oficinas da ferrovia,
tornando-se uma das principais cidades do interior paulista.
Logo da EFS,
que era fixado nas laterais do tender ou cabine das locomotivas
A Sorocabana serviu a inúmeras cidades do oeste
paulista. Sua linha tronco
expandiu-se e chegou a Presidente Prudente em 1919 e a Presidente Epitácio, às margens
do rio Paraná - seu ponto
final - em 1922. Antes disso a EFS construiu vários ramais. Em 1909 o ramal de Itararé ligava Iperó a Itararé, conectando
a rede ferroviária paulista às estradas de ferro do Paraná, pelo antigo caminho dos tropeiros, que viajavam
até o sul do Brasil.
A partir dos anos 20, em seu trecho inicial -
primeiro até Mairinque, depois
somente até Amador Bueno - passaram
a circular, principalmente, trens de subúrbio.
Trens de passageiros de longo percurso trafegaram
pela linha-tronco (Santos - Juquiá)
até 16 de janeiro de 1999, quando
foram suprimidos pela concessionária Ferroban, sucessora
da Fepasa. A linha estava ativa até meados de 2002, somente
para trens de carga e hoje está em completo abandono.
AQUISIÇÃO PELO ESTADO DE SÃO PAULO
“A Sorocabana
passou por inúmeras mudanças de controle acionário. Em 1892 fundiu-se
com a Estrada de Ferro Ituana, dando
origem à Companhia União Sorocabana e
Ituana (CUSI).
Apesar do contínuo aumento de volume no transporte
de café, as finanças da ferrovia se deterioram de tal forma que a empresa
precisou ser liquidada, tendo sido leiloada e arrematada, em 1904, pelo
governo federal, por 60 mil contos de réis. Em 18 de abril de 1905 o governo
federal vendeu a ferrovia para o governo do estado de São Paulo por 3,25
milhões de libras esterlinas - equivalentes a 65 mil contos de réis.
O nome Ytuana desaparece dos registros oficiais, mas não da
cabeça do povo da região e da própria Sorocabana, que por anos designará suas
antigas linhas como Secção Ituana
- agora com "I".
De 1907 até 1919 a Sorocabana foi arrendada para o truste do
polêmico capitalista norte-americano Percival Farquhar (um dos
pivôs da Guerra do Contestado) - passando
a operar sob o nome The Sorocabana
Railway Co. - tendo se tornado lucrativa até 1912. Nesse ano
o sindicato Farquhar começa a
entrar em sérias dificuldades financeiras e praticamente abandonou a
administração da ferrovia (a Brazil Railway Company, a holding de Farquhar, entrou em
concordata em outubro de 1914). Sua situação se deteriorou de tal maneira que a
ferrovia teve que ser encampada pelo estado de São Paulo - durante governo Altino Arantes - para
assegurar a continuidade do serviço público. Dessa forma o governo de São Paulo assume novamente seu controle no dia 9 de setembro
de 1919.
Calisto de Paula Souza, o segundo inspetor geral da Sorocabana nomeado
pelo governo do estado, assim descreveu a situação da ferrovia em agosto de 1919: os armazéns estavam repletos de mercadorias
aguardando para serem despachadas, havia frequentes interrupções de tráfego
devido ao mau estado de conservação das locomotivas, os trens ficavam parados
nas estações por falta de água...o leito da ferrovia não oferecia segurança...(Companhia
Sorocabana; 1920, p. 3-4)
A Sorocabana permaneceu até 1971 sob o controle
direto do estado de São Paulo, quando foi
incorporada à Fepasa. A partir de 1995 as linhas
suburbanas da antiga Sorocabana passaram a ser administradas pela CPTM.
A descida da Serra do Mar
Foram feitas inúmeras tentativas e vários projetos
para levar os trilhos da Sorocabana até o porto de Santos que era servido - em regime de monopólio - apenas
pela São Paulo Railway (SPR)
popularmente conhecida com A Inglesa.
Muitos alegavam que A Inglesa
sufocava o desenvolvimento do porto com suas altas tarifas.
Mas todas essas tentativas de levar novos trilhos
até o porto de Santos esbarravam
no sistema de privilégios de zona
. A zona por onde os trilhos
teriam que passar pertencia à Southern San Paulo Railway Co. Ltd.
O governo de Altino Arantes Marques (1916 a 1920) muito se
empenhou para que a Sorocabana conseguisse descer a Serra do Mar realizando
várias gestões para que o estado encampasse a Southern San Paulo Railway Company.
Em 1926, ao assumir o governo do estado, Júlio Prestes de Albuquerque,
finalmente, conseguiu comprar a Southern San Paulo Railway Co. Ltd.,
incorporando suas linhas à Sorocabana sob a designação de linha do Juquiá dando
início, logo a seguir, às obras da linha Mairinque-Santos.
No dia 10 de outubro de 1927 começaram
as difíceis e demoradas obras de construção da ferrovia que desceria a Serra do Mar, os quais
exigiram a execução de complexos serviços de cortes, aterros, túneis, viadutos
e pontes.
A 2 de dezembro de 1937, correu entre São Paulo e Santos, via Mairinque, em viagem
experimental, a primeira composição de passageiros, conduzindo toda a
administração da Sorocabana e representantes da imprensa de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.
No dia 10 de dezembro de 1937 começaram a correr
normalmente os trens de carga e passageiros, iniciando assim o tráfego regular,
que pôs fim ao monopólio - por muitos considerado odioso- da São Paulo Railway.
Concessão
Em 1998, o governador de São Paulo, Mário Covas, transferiu
a FEPASA para a União, dentro do processo de renegociação das dívidas do estado.
Posteriormente a União transferiu a empresa para a RFFSA, passando a ser denominada
Malha Paulista, e com a extinção da RFFSA, as linhas foram transferidas sob
regime de concessão para a Ferroban, que passou
a operá-las. Em 2006, a América Latina Logística comprou o
grupo Brasil Ferrovias, que mantinha a Ferroban, e desde então vem
administrando e operando toda a antiga malha ferroviária da Sorocabana.
BIBLIOGRAFIA
- CANABRAVA, Alice Piffer; O desenvolvimento da cultura de algodão na província de São Paulo: 1861-1875; São Paulo; Ind. Gráfica Siqueira; 1951
- COMPANHIA SOROCABANA; Relatório apresentado pela directoria da Companhia Sorocabana à assembleia dos acionistas (vários anos)
- FERROVIA PAULISTA SOCIEDADE ANÔNIMA; Dirigentes da Sorocabana e Fepasa; Gráfica Fepasa; Jundiaí;1983
- SAES, Flávio de Azevedo Marques; As ferrovias de São Paulo: Paulista, Mogiana e Sorocabana (1870- 1940); 1974; Dissertação (Mestrado)Universidade de São Paulo, São Paulo;
- SANTOS, Francisco Martins dos, e LICHTI, Fernando Martins;História de Santos/Poliantéia Santista;Editora Caudex Ltda.; São Vicente-SP; volume III;1996
- SIQUEIRA, Augusto Primeiro traslado da escriptura de arrendamento da Estrada de Ferro Sorocabana; São Paulo; 1907.
A ESTAÇÃO DE
SOROCABA
Linha- tronco – km 104,702 – 1934
Altitude: 550,400 m
Uso atual: Fechada (2013)
Ano de construção do prédio: 1875
Inauguração: 10-07-1875
“A
estação de Sorocaba foi
inaugurada em 1875 como o ponto final da linha original da Sorocabana, que não
por acaso tem esse nome: a idéia original dos donos era ligar Sorocaba a São Paulo pelo caminho mais curto. Dois anos antes,
justificava-se sua posição: "O
lugar para a estação de Sorocaba sofreu uma mudança para com o primeiro
projeto, motivada pelas seguintes razões: Para chegar ao lugar primeiramente
destinado a receber o edifício desta nossa estação central, o traçado cortou
várias ruas da cidade de Sorocaba que portanto teria que ter diversas passagens
em nível, e o novo as evita sa mesma maneira transpondo muito antes o o
ribeirão do Superery, afastando-se ainda mais da cidade e deixando a maior
parte dessas ruas do seu lado esquerdo. A despesa do movimento de terra para a
criação do plano da estação diminuiu com o novo projeto, como patenteiam as
plantas topográficas aqui existentes. Também se evita a expropriação de muitas
parcelas de quintais de numerosos proprietários. Diminui enfim o lugar
novamente escolhido o valor dos maiores edifícios de toda a linha. Este
novo prédio - ou o velho, totalmente reformulado - foi inaugurado em 25 de
janeiro de 1930 pelo então Presidente do Estado, Julio Prestes. Ainda funcionou como uma estação tradicional,
vendendo bilhetes, embarcando e desembarcando passageiros até a entrada de
operação da Ferroban, no final
de 1998. Da estação de Sorocaba
sai a E. F. Votorantim,
pertencente originalmente à Votorantim e hoje operada pela Ferroban. Embora o
trem de passageiros da linha-tronco tenha sido desativado em 16/01/1999, Sorocaba continuou embarcando os
passageiros da linha Sorocaba-Apiaí,
que seguia pelo antigo ramal de
Itararé, até 01/03/2001, quando esse trem também foi suprimido. O pátio
e a estação estiveram abandonados e ameaçados até de demolição. No final de
2005, a Prefeitura de Sorocaba
conseguiu negociar com a RFFSA a compra e a posse provisória da estação, que
pretendia transformá-la na sede do futuro Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba. Em 2013, a situação externa
da antiga gare é de abandono. Não há museu nenhum na estação.”
Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Comendador Gualberto Tenor; Ricardo Anacleto; Vagner Abreu; Alberto Del Bianco; Rafael Asquini; Diovanni Resende; Marcelo Tálamo; Wanderley Duck; Ricardo Koracsony; Adriano Martins; Folha de S. Paulo, 1961; Correio Paulistano, 25/1/1930; Fon-Fon, 1930; E. F. Sorocabana: relatórios anuais, 1872-1969; Noventa anos da Sorocabana, 1960; IBGE, 1960; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht.
A ESTAÇÃO DE MAIRINQUE
“É possível
dizer que a centenária Estação Ferroviária de Mairinque ainda é um dos prédios
mais importantes do Brasil, talvez da América Latina e com certeza da cidade,
no interior de São Paulo. Também pudera, além de ter dado origem ao município e
fazer parte da história ferroviária do País, a Estação foi o primeiro prédio
brasileiro construído em concreto armado. Inaugurada em 1906, a obra foi
construída no estilo “Art Noveau”, considerada o primeiro prédio do
proto-modernismo e é a primeira “estação-ilha”, isso porque tem ramais de
trilhos nos dois lados. Por essas razões – e por atualmente abrigar o museu de
Memória Ferroviária local e ser palco constante de apresentações artísticas -,
motivos não faltam a estudantes, profissionais e curiosos para visitá-la.
A Estação
Ferroviária de Mairinque foi inaugurada em 1906, mas levou cerca de dois anos
para ser construída e foi projetada pelo então arquiteto francês Victor
Dubugras, precursor do concreto armado no Brasil e, acreditam estudiosos,
também da América Latina. O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU) de São Paulo e autor da biografia de Victor Dubugras, Nestor Goulart, conta que a Estação é, ainda hoje, importante
para o País e também foi para a vida profissional do arquiteto. Goulart
ressalta que o prédio ainda é foco de muitas pesquisas devido sua “ousadia e
inovação” do arquiteto. Isso porque, construída no meio da floresta e numa área
de difícil acesso, a estação revela – segundo o professor – a característica
“inovadora” de Dubugras, por usar materiais “reaproveitáveis” numa época remota
ao assunto, ainda.
“Ele usou
materiais reaproveitáveis porque o local era de difícil acesso. Dubugras tinha,
no projeto, que pensar em algo que suportasse solavancos diários. Era para ser
uma estação-ilha e os trens não parariam nunca. A estrutura tinha que ser
firme”, afirma ele referindo-se ao fato dos ferros usados para suportar o
concreto e caracterizar o modelo ‘concreto armado’ serem os próprios trilhos
dos trens, que já não serviam mais para a proposta original.
Além disso,
nas portas da estação, por exemplo, foram usadas madeiras de pinha de riga,
hoje material nobre, mas que na época era uma espécie de “tapume”, usado para
embalar peças de trens e ferrovias vindos de navios da Europa. “Peças
resistentes ao tempo”, garante.
O prédio,
conta o professor, é o primeiro – de que se tem notícia – feito em concreto
armado e foi uma novidade numa época em que o estilo ainda era neoclássico.
“Naquele momento, como não se usava o ferro como sustentação de paredes de
alvenaria, muito menos laje, as paredes dos prédios eram bem próximas, para que
a madeira usada no forro não “envergasse’. Mas ele não, ele inovou e ousou com
o que tinha em mãos. Está aí, em pé até hoje”, comemora Goulart que acrescenta:
o estilo “concreto armando” só seria usado novamente no Brasil, 30 anos após a
experiência de Dubugras. E como se não bastasse, todo o interior da Estação,
igualmente projetada, afirma Goulart, também foi inovadora. “Essas divisórias
de escritório, usadas hoje em dia de plástico e vidro, ele criou e instalou na
Estação. Quer dizer, ele tinha uma genialidade brilhante”, defende.
Segundo
Goulart, Dubugras tinha parentes na Europa, e por essa razão, ele estava sempre
informado sobre as novidades do outro continente. “Ele sabia de tudo. As coisas
estavam começando na Europa e ele já testava aqui”, garante. Bem conservada, a
Estação foi revitalizada em 1999 e pertence a Prefeitura de Mairinque desde
2004. Foi tombada Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1986 e pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2002. Tema de música, livros e
cenário de peças, também levou a atual administração municipal a reabrir, em
2007, o “Bar da Estação”, que funcionou de 1906 até 1980.
A título de
curiosidade, Victor Dubugras criou o primeiro condomínio brasileiro, o
residencial Canadá, no Rio de Janeiro, e construiu prédios como o paço de
Santos, a Matriz de Ribeirão Preto e o palácio presidencial de Salvador, na
Bahia.
LOCOMOTIVAS DA FEPASA
Fotos: Internet
VILAS DE
FERROVIÁRIOS
Em Sorocaba, SP
Em Sorocaba,
SP, berço da Estrada de Ferro Sorocabana existe um bairro que foi habitado
quase que exclusivamente por ferroviários quando de seu surgimento. É a Vila
Santana.
No trecho transcrito podemos comprovar
isto:
“Vila Santana é um bairro da região do Além Linha na
cidade de Sorocaba. O bairro passou a ser povoado a partir da década de 1920,
com a construção da Capela de Santa Rita de Cássia, em 1923. No final da década
de 1920 recebeu os trabalhadores da Estrada de Ferro Sorocabana transferidos de
Mairinque-SP.
O bairro de Vila Santana
situa-se a poucos quilômetros a nordeste do centro de Sorocaba e, em linhas
gerais, compreende a área situada entre a Rua Hermelino Matarazzo, Rua
Aparecida, Rua Gonçalves Dias e Rua Silva Abreu. O centro desse bairro está
localizado no entorno das ruas Bartolomeu de Gusmão, onde se encontra a Igreja
de Santa Rita de Cássia, e Rua Olavo Bilac, onde há comércio mais intenso. Vila
Santana praticamente sempre foi um bairro residencial, com muitos descendentes
de italianos.
Muitos trabalhadores da
antiga Estrada de Ferro Sorocabana moram nesse bairro, bem como das antigas
fábricas de tecelagem. O ponto de maior altitude do bairro situa-se nos altos
da Rua Júlio Ribeiro. Nesta região também se encontra um reservatório de água do
SAAE que abastece vários bairros. As escolas presentes no bairro são: Baltazar
Fernandes, Genésio Machado, Centro Educacional Sesi 006, Colégio Integrado
Véritas, e outras escolas particulares de educação infantil. “
Fonte: http://www.omb100.com/sorocaba-alemlinha/historia
Em Mairinque, SP
O
prefeito Binho Merguizo e o diretor da unidade de formação profissional do
Senai de Sorocaba, Jocilei Oliveira, e demais autoridades, assinaram o projeto
de restauração da Estação Ferroviária de Mairinque e revitalização das
edificações históricas, em um evento realizado no dia 05 de abril.
Esse
projeto visa restaurar além da estação ferroviária, as casas antigas em torno
dela, que se encontram, na região central da cidade, resgatando a identidade
cultural e patrimonial do município.
A
Estação Ferroviária de Mairinque é considerada Patrimônio Nacional pelo
Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo seu avanço
arquitetônico em relação à época que foi construída, como o uso do concreto
armado, e com o acesso para os passageiros por baixo, sendo a construção em
forma de ilha. Por anos a estação não recebeu a devida atenção e parte dela
perdeu as características originais.
O
professor Júlio Barros, restaurador e membro do Núcleo de Preservação do
Patrimônio Histórico do SENAI-SP disse que “Mairinque está dando um passo à
frente, restaurando e valorizando a estação ferroviária que um dia deu vida e
contribuiu para o crescimento da cidade”.
Sua
equipe já identificou pelo menos 200 casas que estão em torno da estação e já
começaram a fazer a prospecção, conversando com moradores, recolhendo material
para análise e identificando as características arquitetônicas que foram
empregadas no período da construção.
Após
esse levantamento, o projeto será apresentado e em seguida se iniciam as
restaurações através das oficinas experimentais que serão realizadas pelos
jovens e adolescentes que vivem na Casa da Criança, através do Projeto Técnico
Pedagógico de Formação Profissional do SENAI-SP. Esses jovens serão treinados
para pintar, rebocar, restaurar e assim todas as obras serão revitalizações. Os
alunos terão ajuda de custo e no término receberão certificado profissional do
SENAI-SP. Além do SENAI-SP, que formará a mão-de-obra local, o projeto conta
ainda com o investimento do Sindicato da Construção Civil, Sinduscom.
O
prefeito Binho Merguizo agradeceu a todas as pessoas que colaboraram para essa
parceria e disse que “ao restaurarmos essa estação ferroviária e as edificações
à sua volta, manteremos vivo o meio ambiente cultural dos cidadãos de
Mairinque, pois a nossa cidade nasceu em volta da estação, cresceu por causa da
estação, portanto vamos resgatar e cuidar do jeito mairinquense de ser”.
Para
Jocilei de Oliveira, “A missão do Senai é preparar as pessoas para o mercado de
trabalho em uma função que irá atender um segmento, nesse projeto em Mairinque,
a profissão de restaurador para a construção civil, mas esse trabalho em
especial nos dará orgulho, pois além de qualificar esses jovens sabemos da
importância desse projeto para o resgate cultural de um patrimônio como este”,
afirmou o presidente do Senai de Sorocaba.
A
Secretaria Municipal de Educação, através do Departamento de Cultura
representado pelo seu diretor Maurício Sérgio Dias, disse que “é uma honra
estabelecer essa parceria de trabalho com o Senai, pois dessa forma teremos o
resgate do nosso patrimônio arquitetônico e cultural tanto da estação
ferroviária quanto o seu entorno, pois só assim manteremos a nossa verdadeira
identidade cultural”.
Adriano
Ruiz Secco, diretor do Senai de Alumínio e de Mairinque afirmou que “esse é o
momento oportuno para Mairinque, onde ao mesmo tempo em que vai resgatar a
cultura local irá qualificar os seus jovens para o mercado de trabalho”.
“Mais
do que restauradores qualificados à disposição em nossa região, o projeto vai
resgatar um patrimônio que estava abandonado, sem ter a merecida importância
dentro do contexto da cidade”, falou o representante regional da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo, Fiesp, Elvio Luiz Lorieri, que também
presenciou o evento.
O
presidente Francisco Antonio de Camargo e o vice-presidente Ciro Gomes da
Associação Mairinquense da Preservação Ferroviária (AMPF) também estiveram no
evento e relataram que “essa restauração da estação é um reivindicação antiga
da AMPF e nós que somos ex-ferroviários e através da associação fazemos de tudo
para preservar a memória da estação ferroviária de Mairinque, ficamos felizes
em ver esse sonho sendo realizado”.
Também
participaram da assinatura a vice-prefeita Marly Moraes, o presidente da
Associação das Indústrias de São Roque, Araçariguama, Alumínio Como tudo começou
e
Mairinque (Aisam), Vinício César Pensa.
O
surgimento de Mairinque está simbolizado pela inauguração, em 1875, da primeira
estação ferroviária da cidade (construída totalmente em madeira), denominada de
Estação “Manduzinho”, decorrente do entroncamento ferroviário entre as estradas
de ferro Sorocabana e Ituana.
O
primeiro assentamento humano na “Villa Mayrink”, data de 1890. Tratava-se de
100 casas, que seriam alugadas aos funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana,
enviados para a construção do pátio de manobras, das oficinas e da estação
ferroviária. A “Vila Mayrink” foi fundada em 27 de outubro de 1890, pelo
Conselheiro do Império e Engenheiro formado pela Escola Politécnica do Rio de
Janeiro, Francisco de Paula Mayrink, que na época, estava à frente da Estrada
de Ferro Sorocabana, o que explica o nome dado à cidade.”
OS FERROVIÁRIOS E O FUTEBOL
Hoje
outras modalidades esportivas estão muito difundidas em nosso país, no entanto
no início e no decorrer do século passado havia um predomínio quase absoluto do futebol como a prática esportiva predileta dos homens e como não poderia
deixar de ser dos ferroviários.
Em muitas cidades servidas pela Estrada
de Ferro Sorocabana surgiram equipes de
futebol de bom quilate técnico, disputando campeonatos da Federação Paulista de
Futebol.
Citarei algumas trazendo o nome de
Ferroviária ou Ferroviário em suas gloriosas camisas, sendo que as vi jogar
entre 1956 e meados da década de 1970. Vamos a elas: A.A. Ferroviária de Assis;
Clube Atlético Ferroviário de Bernardino de Campos, A.A. Ferroviária de
Botucatu, Estrada de Ferro Sorocabana FC de Sorocaba e Clube Atlético
Sorocabana de Mairinque.
A seguir, fotos ilustrativas dessas
tradicionais agremiações esportivas que sempre honraram os nomes da E.F.S. e de
suas respectivas cidades.
Estádio da AA Ferroviária de Assis
Sala de Troféus do E.C. Ferroviário de
Bernardino de Campos
Equipe da A.A. Ferroviária de Botucatu
(Final dos anos 50)
Estádio Dr. Rui Costa Rodrigues do Estrada
Equipe do Clube Atlético Sorocabana
de Mairinque (CASM) (Provavelmente de 1950)
Equipe Master do CASM (2011)
(Foto de Claudio Ceretta)
Associação Esportiva Santacruzense
Equipe Master do CASM (2011)
(Foto de Claudio Ceretta)
Associação Esportiva Santacruzense
ACERVO FOTOGRÁFICO
Estação de Sorocaba
Estação de Sorocaba (2)
Estação de Sorocaba (3)
Estação de Mairinque
Estação de Mairinque (2)
Estação de Mairinque (3)
Estação de Alumínio
Estação de São Roque
Estação Júlio Prestes (São Paulo)
Estação Júlio Prestes (São Paulo (2)
Trem Ouro Verde da E.F.S. na Estação Júlio Prestes
(São Paulo, SP)
Trem se passageiros "Ouro Branco" da E.F.S.
Vídeo - Trem de Passageiros da E.F.S.
Vídeo "Estação Saudade" - Estação de Iperó, SP
PREITO DE SAUDADE
No início
desta postagem fiz menção de meu avô paterno Joaquim Antonio Ribeiro que atuou
como vigia na expansão da Estrada de Ferro Sorocabana a partir de Ourinhos SP.
Nascido em
1886 no Município de Campos Novos Paulista, SP, foi agricultor antes e depois
da jornada na E.F.S., falecendo em fins de 1962 na mesma cidade.
Já meu sogro Claudino Batista Marra, nascido em Itápolis, SP em 1906 e falecido em São Paulo, SP em 1968 foi telegrafista na Estrada de Ferro Araraquarense. Fica aqui o registro da participação de ambos nas lides ferroviárias em nosso querido Estado de São Paulo.
A construção da Estrada de Ferro Araraquarense aconteceu em 12-08-1895 . As obras foram iniciadas em Araraquara e a inauguração aconteceu em 09-11-1896, chegando em Taquaritinga, SP.
Com a ampliação chegou em 1906 em São José do Rio Preto, SP.
O objetivo inicial daquela ferrovia foi o escoamento do
café e foram os produtores que tiveram a iniciativa de pleitear sua construção.
CONCLUSÃO
Espero ter reunido informações suficientes para as
pessoas mais novas que não tiveram
contato mais estreito com a Estrada de Ferro Sorocabana, seus trens e seus
operosos trabalhadores
Quem tiver sugestões e fotos para
melhorar este trabalho poderá enviá-las por mensagem inbox no Facebook ou pelo
e-mail: prebwilson@hotmail.com
Hoje, com estações desativadas e
inexistência de transporte de passageiros, a Ferroban, sucessora da FEPASA, como
as demais ferrovias brasileiras operam no transporte de cargas.
No entanto na mente de cada um de nós,
que trabalhou ou que desfrutou do transporte ferroviário, fica a doce lembrança
de um tempo que se foi e que certamente não voltará mais.
CONCLUSÃO
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação, ou por mensagem no Facebook.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero em exercício da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo atualmente na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Informação recebida por e-mail:
Sr. Wilson:
Encontrei por acaso a história da Sorocabana que o Sr. escreveu, porém, faltou algo.
Provavelmente o Senhor não sabe, mas a E.F.S., por imposição do Governador Ademar de Barros, administrava a Cia. de Navegação Fluvial Sul Paulista, na qual meu pai trabalhou, e onde se aposentou, e todos os trabalhadores da referida companhia, eram funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana. A Cia. de Navegação Fluvial Sul Paulista fazia transporte de cargas e passageiros na região do Vale do Ribeira, e também tinha a linha Iguape/SP-Paranaguá/PR. Segue uma foto de uma das lanchas da Sorocabana com o logotipo EFS afixado na embarcação.
Provavelmente o Senhor não sabe, mas a E.F.S., por imposição do Governador Ademar de Barros, administrava a Cia. de Navegação Fluvial Sul Paulista, na qual meu pai trabalhou, e onde se aposentou, e todos os trabalhadores da referida companhia, eram funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana. A Cia. de Navegação Fluvial Sul Paulista fazia transporte de cargas e passageiros na região do Vale do Ribeira, e também tinha a linha Iguape/SP-Paranaguá/PR. Segue uma foto de uma das lanchas da Sorocabana com o logotipo EFS afixado na embarcação.
Abraço.
Reinaldo R. de Lima
Ah, sobre as equipes oriundas do ciclo das EFS, faltou citar a AES - Associação Esportiva Santacruzense, de Santa Cruz do Rio Pardo, a qual tem como simbolo uma Locomotiva, referência explícita à época do auge ferroviário!
ResponderExcluirAbraços e parabéns pelo blog!
Olá Sr. João Neto: Quanto ao seu comentário, devo informar que morei com minha família em Santa Cruz do Rio Pardo de 1951 a 1955 e, mesmo muito novo, fui torcedor da Esportiva, até porque meu tio Danilo (Alicio Batista Rosa) jogou no tricolor. Quanto à origem ferroviária do clube, confesso que desconhecia, mas será com prazer que vou inserir na postagem. Convido o sr. a ler minha postagem sobre Santa Cruz, pois outro tio, Genésio, jogava no rival Atlético (campo lá na beira do Rio Pardo). O link é: http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2015/05/santa-cruz-do-rio-pardo-historia.html
ResponderExcluirWilson ?
ResponderExcluirQual seria a história da Locomotiva 10 sabe de algo ?
Boa noite Carlão: Obrigado pela visualização e pelo comentário. Não sei responder tua pergunta. Abraço.
ResponderExcluirBoa noite, gostaria de saber como acessar a relação dos funcionarios antigos ,para saber se meu bisavo foi funcionario , escutei muitas historias pelo meu avo, e gostaria de repassa-la para meus netos.
ResponderExcluirsilvana bonini
Boa noite Silvana: Obrigado por visualizar minha postagem. Sugiro que você se dirija à esta instituição, pois eu não tenho como te ajudar a não ser desta maneira. Obrigado.
ResponderExcluirSindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana
R. Dr. Arlíndo Luz, 148 - Jardim Santa Rosália, Sorocaba - SP, 18095-050
Horário:
Telefone: (15) 3233-5544