INTRODUÇÃO
Entre os anos de
1941 a 1951 fui picado e contaminado pelo “barbeiro”, período em que minha
família morou em casa de pau a pique.Só vim a descobrir que era portador do Mal
de Chagas em 1977. Iniciei então o tratamento à base do medicamento “Ancoron”.
O diagnóstico foi “bloqueio completo de ramo direito” e a consequência uma
arritmia que sempre foi mantida sob controle. Aconselhamento médico: não fazer
nenhum esforço físico exagerado. Desde então fiz consulta anual ao
cardiologista – inicialmente se fazia eletrocardiograma e posteriormente
acrescentaram-se os ecocardiogramas. Em 1983 sofri um infarto do miocárdio, que
deixou sequelas em meu coração (refluxo valvar mitral).
Na ocasião morava em Mairinque e fui
socorrido com grande presteza pelo médico Dr. James Beal Munhoz, meu vizinho, o
qual providenciou minha remoção imediata para a Beneficência Hospitalar e
acionou seu colega cardiologista Dr. Antonio Carlos Augusto (COCA).
Trabalhei até 1996, mudei-me para uma chácara e tomei conta dela até 2011. Caminhava cinco quilômetros diariamente e, com atestado médico do cardiologista, fiz até exercícios na academia. Tudo caminhava bem. No entanto em 2012 comecei a sentir algumas “tonturas” de curta duração, mesmo sem estar fazendo esforço físico. Os episódios foram aumentando em quantidade e intensidade, até que em março de 2013 tive uma taquicardia intensa quando participava de um culto em minha igreja. Fui socorrido e no hospital, conseguiram reverter a situação e voltei para casa. Acrescentaram medicação. Quando foi no dia 3 de julho deste ano nova taquicardia. Voltei rapidamente ao hospital e com os procedimentos médicos adotados as coisas aparentemente se normalizaram. Fiquei internado dois dias em observação.
Entretanto dois dias depois, nova crise, desta vez muito mais intensa, com parada cardio respiratória. Foram 23 dias de internação, sendo 15 na UTI. A solução seria a implantação do micro desfibrilador, o que ocorreu em 15-07-2013, véspera de meu aniversário (72 anos). Na foto comigo, o Dr. Eduardo Assis, médico que fez o implante do aparelho e a senhora Acácia, da empresa fornecedora.
O QUE É O MAL DE CHAGAS
Em 1909, Carlos Chagas, pesquisador do Instituto Osvaldo Cruz, descobriu
uma doença infecciosa que acometia operários do interior de Minas Gerais. Esta,
causada pelo protozoárioTripanosoma cruzi, é conhecida como doença de Chagas,
em homenagem a quem a descreveu pela primeira vez.
O mal de Chagas, como
também é chamado, é transmitido, principalmente, por um inseto da
Subfamília Triatominae, conhecido popularmente como barbeiro. Este animal
de hábito noturno se alimenta, exclusivamente, do sangue de animais
vertebrados. Vive em frestas de casas de pau a pique, camas, colchões,
depósitos, ninhos de aves, troncos de árvores, dentre outros locais, sendo que
tem preferência por locais próximos à sua fonte de alimento.Ao sugar o sangue de um animal com a doença, este inseto passa a carregar consigo o protozoário. Ao se alimentar novamente, desta vez de uma pessoa saudável, geralmente na região do rosto, ele pode transmitir a ela o parasita.
Esse processo se dá em razão do hábito que este tem de defecar após sua refeição. Como, geralmente, as pessoas costumam coçar a região onde foram picadas, tal ato permite com que os parasitas, presentes nas fezes, penetrem pela pele. Estes passam a viver, inicialmente, no sangue e, depois, nas fibras musculares, principalmente nas da região do coração, intestino e esôfago.
A transfusão de sangue contaminado e transmissão de mãe para filho, durante a gravidez, são outras formas de se contrair a doença. Recentemente descobriu-se que pode ocorrer a infecção oral: são os casos daquelas pessoas que adquiriram a doença ao ingerirem caldo de cana ou açaí moído contendo, acidentalmente, o inseto. Acredita-se que houve, nesses casos, invasão ativa do parasita, via aparelho digestivo.
Cerca de 20 dias após a sua primeira – e última – cópula, a fêmea libera, aproximadamente, 200 ovos, que eclodirão em mais ou menos 25 dias. Após o nascimento, esses pequenos seres sofrerão em torno de cinco mudas até atingirem o estágio adulto, formando novas colônias.
Febre, mal-estar, falta de apetite, dor ganglionar, inchaço ocular e aumento do fígado e baço são alguns sintomas que podem aparecer inicialmente (fase aguda), embora existam casos em que a doença se apresenta de forma assintomática.
Em quadro crônico, o mal de Chagas pode destruir a musculatura dos órgãos atingidos (principalmente a do coração e do cérebro), provocando o aumento destes, de forma irreversível. Em muitos casos, somente essa fase é percebida pelo paciente, sendo que ela pode se manifestar décadas depois do indivíduo ter sido infectado pelo parasita.
O diagnóstico pode ser feito via exame de sangue do paciente na busca do parasita no próprio material coletado (microscopia) ou pela presença de anticorpos no soro (através de testes sorológicos). O tratamento, visando à eliminação dos parasitas, é satisfatório apenas no estágio inicial da doença, está no sangue do paciente na busca do parasita no próprio material coletado (microscopia) ou pela presença de anticorpos no soro (através de testes sorológicos). O tratamento, visando à eliminação dos parasitas, é satisfatório apenas no estágio inicial da doença, quando o tripanossoma ainda está no sangue. Na fase crônica, a terapêutica se direciona para o controle de sintomas, evitando maiores complicações.
O controle populacional do barbeiro é a melhor forma de prevenir a doença de Chagas.
Fonte: http://www.brasilescola.com/doencas/doenca-chagas.htm
Desfibrilador automático implantável: Indicações, riscos e complicações
Nos Estados Unidos , a morte cardíaca súbita ocorre em cerca de
300.000 a 400.000 pacientes anualmente . A principal causa da morte
súbita é uma arritmia cardíaca , a chamada de fibrilação
ventricular .
Na maioria dos casos, a morte súbita ocorre devido ao início abrupto de
uma taquicardia ventricular , uma arritmia grave originada nos
ventrículos (câmaras cardíacas maiores e inferiores). Esta
arritmia pode persistir ou progredir para uma fibrilação ventricular.
Nesta última , o coração não bate adequadamente , apenas "
tremula " . Esta parada da função cardíaca , leva a uma
perda da consciência , desmaio e morte .
O risco de morrer após uma parada cardíaca fora do
hospital é muito alta, devido principalmente à demora em promover um tratamento
efetivo aos indivíduos afetados. Concebido por Mirowski ,
o desfibrilador automático implantável , foi desenvolvido com o
objetivo de tratar as arritmias cardíacas que potencialmente levem
a uma parada cardíaca.
Este equipamento , identifica e trata imediatamente estas arrimias com
um choque elétrico ( desfibrilação ou cardioversão ) . O seu uso na
população foi aprovado a partir do ano de 1985. Indivíduos com
doença cardíaca grave que evoluem com estas arritmias graves , ou mesmo aqueles
sobreviventes a uma parada cardíaca , são candidatos ao uso
do desfibrilador implantável.
Exames prévios:
Alguns exames complementares , poderão ser necessários antes do implante
, na dependência do quadro clínico de cada paciente. Ecocardiograma , Holter e
estudo eletrofisiológico, poderão ser solicitados.
Orientações antes do implante do desfibrilador:
É necessário jejum de 6 horas. O desfibrilador será implantado no centro
cirúrgico ou no laboratório de hemodinâmica ( local aonde
realizam-se os exames de cateterismo cardíaco ).Medicações de uso habitual não
costumam ser suspensas , com exceção dos anticoagulantes , por aumentarem os
riscos de sangramentos. O uso de antibióticos preventivos é recomendada.
O implante é realizado sob monitorização contínua da pressão arterial ,
eletrocardiograma e oximetria ( avaliação do nível de oxigenação no sangue ).
É realizada uma anestesia local com sedação ou uma anestesia
geral. O gerador do desfibrilador poderá ser implantado na região
peitoral ( tórax ) ou no abdômen. O cabo-eletrodo ( em número de um
até quatro ), que entrará em contato com o coração ( identificando e
tratando a arritmia cardíaca ) , é introduzido através de
uma veia.
Após o implante do desfibrilador automático , realizamos um
eletrocardiograma e exame de raio X do tórax. O paciente permanece internado
por pelo menos 24 horas após o implante.
Indicações:
- Prevenção primária ( para evitar a parada cardíaca e morte súbita
) em pacientes com cardiopatia estrutural :
Em pacientes após infarto do miocárdio ( mais de 40 dias ) ou com
cardiopatia isquêmica crônica , sem isquemia passível de tratamento por
angioplastia ou cirurgia de ponte de safena , com tratamento
medicamentoso adequado , que apresentem uma redução importante da capacidade de
contração do coração ( fração de ejeção no ecocardiograma inferior
a 35% ) , com ou sem taquicardia ventricular ( espontânea ou
induzida no estudo eletrofisiológico ).
Em pacientes com cardiopatia dilatada não-isquêmica , com tratamento
medicamentoso adequado, com sintomas de falta de ar e redução importante da
capacidade de contração do coração ( fração de ejeção no ecocardiograma
inferior a 35% ).
Os pacientes com bloqueio do ramo esquerdo , com complexo QRS maior que
0,12 segundos , poderão ser encaminhados para um implante de desfibrilador
automático e marcapasso cardíaco ( terapia de ressincronização cardíaca , para
melhorar a insuficiência cardíaca ).
- Prevenção secundária ( pacientes que já apresentaram uma
arritmia cardíaca grave , com ou sem , parada cardíaca ) com cardiopatia
estrutural:
Em pacientes que tiveram taquicardia ventricular , parada cardíaca
( por taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular ) , síncope ( desmaio
por taquicardia ventricular ) , que apresentem uma redução da capacidade de
contração do coração ( fração de ejeção no ecocardiograma inferior a 35%
).
- Outras indicações:
Casos selecionados de taquicardia ventricular polimórfica sem doença
estrutural , síndrome do intervalo QT longo congênito , miocardiopatia
hipertófica , síndrome de Brugada e displasia arritmogênica do ventrículo
direito.
Riscos e complicações:
As complicações mais freqüentes após o implante de um desfibrilador
automático são : o pneumotórax e hemotórax , que são , respectivamente
, acúmulo de ar e sangue no espaço pleural ( membrana que envolve os
pulmões ); hematomas ; arritmias cardíacas ; infecções ;
deslocamento do cabo-eletrodo e perda da sensibilidade ou comando do
gerador ( esta últimas complicações afetam o funcionamento
deste dispositivo ) . Poderão ocorrer choques desnecessários (
inapropriados ). O risco de morte , relacionada ao implante do
desfibrilador é baixo.
Acompanhamento após o implante do desfibrilador:
A periodicidade das avaliações deve ser a seguinte: no momento da alta
hospitalar, 30 dias pós-implante, a cada 3 ou 6 meses, dependendo do tipo de
estimulação e condição clínica, ou quando necessário, por intercorrências. A
avaliação clínica básica deve constar de consulta clínica e realização de eletrocardiograma.
Fonte: www.portaldocoracao.com.br
Apesar das lutas enfrentadas, não tenho esmorecido nem perdido o bom
humor, procurando desfrutar cada momento que a vida me oferece junto de meus familiares
e dos amigos, incluindo os virtuais.
Como disse anteriormente, fiquei na UTI do hospital durante 15 dias e
eles não foram nada fáceis, principalmente por causa do emocional que é
gravemente afetado por causa dos delírios decorrente da utilização dos
medicamentos que são necessários para que o organismo volte ao seu
funcionamento normal ou quase próximo disso.
Nosso pastor, Reverendo Dilermando Félix Pereira vinha ministrando em
nossa igreja (Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba) estudos sobre o Salmo
121. Minha mente havia absorvido de tal forma as palavras do salmista que,
mesmo nos momentos de delírio não deixei de orar e recitar os primeiros
versículos desse maravilhoso texto da Palavra de Deus, o qual segue transcrito: “Elevo os
meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro.
O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra.
Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.
Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.
O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.
O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.
O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.”
O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra.
Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não tosquenejará.
Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel.
O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.
O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.
O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.
O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.”
A ele e aos demais pastores que me assistiram meus agradecimentos.
Outra inspiração que me acompanhou durante aqueles dias foi a canção
“Deus Vai Fazer”, cantada pelo Irmão Lázaro, a qual eu não conhecia, porém um
dos enfermeiros chamado Lucas acionou a música em seu MP3 para que eu a ouvisse
enquanto davam banho em mim.
Isso me fez um bem tremendo e todas as vezes que ele ia me
atender, dava um jeito de fazer com que eu ouvisse a música. Não por
coincidência, um pastor que esteve internado no quarto ao lado por alguns dias
cantarolava essa canção.
AOS MEUS FAMILIARES
Aos meus irmãos José e Nivando e a todos os demais familiares fica aqui
registrado meus agradecimentos pela presença e solidariedade. Quero que, nesta
foto de meu sobrinho Sergio Fernando, piloto de automobilismo na modalidade
“Arrancada” todos se sintam retribuídos por meu carinho.
O troféu que aparece na mão do Sergio me foi dado por ele de presente de
aniversário, estando eu no leito hospitalar, o que deveras, me emocionou muito.
Um beijo no coração, meu campeão.
CONCLUSÃO
Com este relato, espero ter compartilhado com meus amigos um pouco das
dificuldades que tenho enfrentado nos últimos meses com minha enfermidade.
Aliás, por causa da minha, outras pessoas da família também sofreram com a
situação, principalmente minha esposa Claudineide.
Por outro lado, as informações que ofereço nesta postagem sobre a
Doença de Chagas e seu tratamento poderão ser de valiosa contribuição para
todos os que vierem a ter contato com esta matéria.
Obrigado pela atenção de
todos.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero em exercício da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo atualmente na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Que lindo !!! O senhor é a nossa fonte de luz !!!
ResponderExcluirPor mais um pingo as lágrimas rolam...
ResponderExcluiremocionante - educativo- esclarecedor - iluminado espiritualmente pelo Espírito Santo.
Aleluia!
Esta é a Palavra certa para tantas ações de Deus, embora e apesar sua dor e de seus familiares, mas neste trajeto, nem imaginas o quanto está sendo usado caro Wilson.
Testemunho de fé e da ação incompreendida por todos que não atentaram ainda para o que o Criador É!
Enfim, há que se regozijar e alegrar...diante de tanto só mais uma coisa a dizer:
- Grandes coisas fez o Senhor por estes.....
...por isso suas orelhas estão molhadas..de tanto riso! Minha forma de completar o lindo versículo Bíblico.
Parabéns e mantenha-se firme!
O melhor está por vir!
Irmão Wilson, Graça e Paz!
ResponderExcluirCreio que seu testemunho será valioso, para muitas pessoas.
Sm 21:4 "Ele te pediu vida,e tu lha deste; sim, longevidade para todo sempre" Leocádio e Damares