APRESENTAÇÃO
Tenho
escrito sobre aspectos históricos da cidade de Alumínio, que era um bairro do
município de São Roque quando cheguei nessas paragens com minha família, ou
seja, no final do ano de 1958, oriundos de Ipaussu, SP.
Eu era
alguém no final da adolescência e trabalhava em conjunto com meus pais e um de
meus irmãos (Nilson). Assim, fizemos tijolos para o Sr. Paulo Dias, então Chefe
do Escritório da CBA. Com esses tijolos ele construiu o restante das casas que
desejava na vila que era dele e leva seu próprio nome.
Admitido
na CBA como Ajudante em 1960, me aposentei em 1991 como Assistente
Administrativo. Estudei, me tornei pedagogo e atuei paralelamente na Educação
por 15 anos. Procurei participar da vida político-administrativa da localidade e
atuei também no segmento religioso como presbiteriano que sou. Em novembro de
2014 fui agraciado com o título de Cidadão Aluminense, o que muito me honrou.
A
partir de 2010 passei a divulgar no Blog do Ribeiro algumas coisas que já havia
escrito sobre a localidade de Alumínio e auto-intitulei-me Historiador
diletante, que significa historiador amador (para ser historiador oficialmente
precisaria ter licenciatura em História e mestrado).
Neste
trabalho, desmembro um dos aspectos daquele que considero o mais completo que
fiz sobre Alumínio, cujo nome é Alumínio – História Ilustrada do Município. (http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2012/12/aluminio-historia-ilustrada-do-municipio.html
Vamos então ao que nos interessa nesta
postagem, qual seja, os aspectos sociológicos da vida em Alumínio em tempos
passados.
ALUMÍNIO EM FINS DOS ANOS CINQUENTA
A família Cerioni, que sempre se destacou
pela atividade comercial na comunidade, possuía dois pomares entre as duas
vilas citadas: um que margeava a rua de terra, formado por laranjeiras e outro constituído
por pereiras e que ficava entre a atual Rua José Cerioni e a Rua Abel Souto.
Alguns anos mais tarde foi
feito o loteamento do terreno existente entre a capela e a Vila Paulo Dias, e
que veio a se chamar Vila Santa Luzia, a qual teve rápido adensamento.
Depois da Vila Paulo Dias não existia nada, a não ser o posto de pedágio na Rodovia Raposo Tavares, onde hoje fica o trevo da entrada da vila do mesmo nome. É por isso que a vila se chama Pedágio.
Onde hoje fica a vila Paraíso existia apenas uma granja e apiário, que se chamava Paraíso e deu origem ao nome da vila. Um advogado conhecido como Dr. Robertinho (Robert Philipe Lacroix) era o proprietário das terras.
Depois da Vila Paulo Dias não existia nada, a não ser o posto de pedágio na Rodovia Raposo Tavares, onde hoje fica o trevo da entrada da vila do mesmo nome. É por isso que a vila se chama Pedágio.
Onde hoje fica a vila Paraíso existia apenas uma granja e apiário, que se chamava Paraíso e deu origem ao nome da vila. Um advogado conhecido como Dr. Robertinho (Robert Philipe Lacroix) era o proprietário das terras.
O Jardim Progresso surgiu
como “Pedaginho” e se tornou uma progressista e bela vila no extremo oeste do
Distrito.
O Jardim Olidel surgiu já na década de setenta, resultado de um loteamento mais ao alto, á direita da Rodovia Raposo Tavares, sentido capital-interior e hoje é bastante populoso.
O Jardim Olidel surgiu já na década de setenta, resultado de um loteamento mais ao alto, á direita da Rodovia Raposo Tavares, sentido capital-interior e hoje é bastante populoso.
(Texto escrito originalmente em 1989).
Fonte: http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2012/12/aluminio-historia-ilustrada-do-municipio.html com
algumas adequações.
A CONSTRUÇÃO DA FÁBRICA E O SURGIMENTO DA VILA INDUSTRIAL
Quando a Cia. Brasileira de Alumínio construiu sua
fábrica na década de 1940 ela edificou paralelamente casas para os que
trabalhavam na obra. Para isso ela criou em sua estrutura um Departamento de
Obras – Construção Civil.
Além de proporcionar moradia para os trabalhadores
próximo ao local das obras, a CBA tratou também de proporcionar a
infra-estrutura necessária para que a pequena população pudesse viver e
desenvolver suas atividades no trabalho e em sociedade.
Assim, ela edificou prédio para a Igreja católica,
cinema, armazém, quitanda, açougue, delegacia de polícia, grupo escolar, posto
de puericultura, ambulatório médico e campo de futebol.
A vila foi sendo ampliada conforme a fábrica foi se
expandindo e na década de 1970 contava com mais de quinhentas e quarenta
unidades residenciais. Além das residências propriamente ditas, havia os
alojamentos para solteiros, uma república para técnicos e outra para engenheiros.
A CBA cedia ainda com aluguel simbólico prédios para farmácia, barbearia,
quitanda, padaria e um bar que servia lanches.
Também funcionavam na Vila Industrial a Delegacia
de Polícia com uma pequena cadeia nos fundos, Correio, Biblioteca Pública,
Cooperativa de Crédito e durante algum tempo um hospital e maternidade bem
equipado.
O hospital foi desativado, mas a fábrica firmou
convênio com hospital de São Roque e os médicos atendiam em algumas das
dependências dele. Já o ambulatório médico atendia os empregados da fábrica e
seus familiares, contando com um médico clínico e uma equipe de enfermeiros. A
fábrica sempre manteve também uma equipe
de serviço social com profissionais aptos para o encaminhamento de pacientes que necessitassem de tratamento mais agudo fora de Alumínio.
de serviço social com profissionais aptos para o encaminhamento de pacientes que necessitassem de tratamento mais agudo fora de Alumínio.
A Vila Industrial era constituída por setores:
Havia o setor onde moravam o diretor, o médico, o advogado e os engenheiros. O
outro setor abrigava os chefes de departamentos, técnicos e encarregados,
geralmente ligados às áreas de mecânica, eletricidade e produção. Depois vinha
o setor onde moravam outros profissionais especializados e por último aqueles
com menor grau de especialização.
Essa setorização se refletia na vida social da
comunidade, pois o poder aquisitivo era diferenciado entre os moradores deste
ou daquele setor. As amizades dos descendentes, via de regra, também se
desenvolviam seguindo esse caminho. Passados quatro décadas, através dos meios
sociais os ex aluminenses se reencontram e mantém essa amizade, digamos, meio
setorizada.
Se a empresa era quem fornecia as casas, a água, a
manutenção das residências e os contratos de locação eram vinculados ao
contrato de trabalho era natural que ela fizesse valer seus princípios em
relação ao comportamento que se esperava de cada morador e sua família. Dessa
forma era raro uma ocorrência policial envolvendo moradores do bairro.
Havia uma política no sentido de premiar com
emprego os filhos que estudavam e iam bem na escola, enquanto que os que
perdiam o ano escolar saíam da fábrica para dar lugar aos que tinham
aproveitado bem o ano letivo. O próprio diretor, no caso o Engº Antonio de
Castro Figueirôa que dirigiu a fábrica entre 1955 e 1985 fazia questão de
assinar mensalmente os boletins dos filhos dos empregados.
Com isso, ele conhecia não só os trabalhadores mas
também os filhos que em geral, se tornavam também empregados na usina e
recebiam isso como um prêmio.
Lendo esse relato, é possível concluir que a
empresa acabava por assumir um papel que normalmente seria do Estado. É o que em
Sociologia se chama de “Privatização do Poder”.
Um interessante trabalho sobre essa temática foi
escrito pelo sociólogo Sergio Sanandaj Mattos na revista Sociologia (Editora
Escala), edição nº 39, Fev-Março/2012.
Sergio Sanandaj Mattos é sociólogo, professor e ex
diretor da Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo (Asesp). É co-autor
do livro Sociólogos & Sociologia, História s das suas entidades no Brasil e
no mundo.
É interessante ressaltar que a grande maioria das
pessoas que trabalharam e residiram em Alumínio em décadas passadas, entre as
quais eu me incluo, guarda agradáveis recordações, tanto da vivência no
trabalho como das amizades desenvolvidas na cidade. Tanto que existe hoje um
grupo numa das redes sociais com o nome de “Amigos Antigos”, o qual cresce a
cada dia e onde essas pessoas postam fotos daqueles tempos e fazem seus
comentários, demonstrando muita satisfação com tudo isso.
Somos, ex moradores de Alumínio, estamos residindo
fora de lá (Sorocaba, Mairinque, São Roque, São Paulo, em outros estados da
federação e até mesmo fora do país.) Mas um sentimento comum nos une e
nos mantém em contínua comunhão de ideais, proporcionando-nos a alegria
de relembrar aqueles tempos em que vivemos na “terra do metal branco”.
Transcrito
de http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2012/12/aluminio-historia-ilustrada-do-municipio.html com algumas adequações.
ACERVO FOTOGRÁFICO ILUSTRATIVO
Construção da CBA - Anos 40
CBA em 1944
Dr. Antonio de Castro Figueirôa
Diretor Industrial da CBA - 1955/1985)
Vista aérea da CBA
Vista parcial da Vila Industrial
Dr. Antonio de Castro Figueirôa
Diretor Industrial da CBA - 1955/1985)
Vista aérea da CBA
Vista parcial da Vila Industrial
Prof. João Loureiro Miranda
Padaria do Neco
Bar e Lanches da AAA
Armazém (primeiramente da CBA,
posteriormente do SESI)
Sr. Jair Mendes (Massa) com a esposa
dona Ruth (dono de babearia)
Vicente Botti (dono de quitanda)
Que foi sucedido pelo filho Clóvis
Restaurante da Vovó
Na casa do Sr. Francisco Cândido de Oliveira
(Velho Chico)
Vendedor ambulante (Sr. Pedro)
Lanches da dona
Maria Ferraz Machado
Que foi sucedido pelo filho Clóvis
Restaurante da Vovó
Na casa do Sr. Francisco Cândido de Oliveira
(Velho Chico)
Vendedor ambulante (Sr. Pedro)
Lanches da dona
Maria Ferraz Machado
Vicente Metidieri
(Delegado de Polícia
Igreja de São Francisco de Paulo
Hospital Maria Regina
Dr. Eno Lippi - Médico da CBA
(Atendimento aos funcionários
e famílias)
João Batista de Andrade
(da equipe de enfermeiros)
Sra. Honorina Rios de Carvalho Melo
(Clube de Mães e Moca)
Dr. Eno Lippi - Médico da CBA
(Atendimento aos funcionários
e famílias)
João Batista de Andrade
(da equipe de enfermeiros)
Sra. Honorina Rios de Carvalho Melo
(Clube de Mães e Moca)
Desfile cívico
Grupo de Escoteiros "Lindolfo Pio da Silva Dias"
Sr. João Sabby (com a esposa dona
Aparecida) - Chefe do Grupo de Escoteiros
Foi também fotógrafo e proprietário de
banca de joranis
Sr. João Sabby (com a esposa dona
Aparecida) - Chefe do Grupo de Escoteiros
Foi também fotógrafo e proprietário de
banca de joranis
Cine Alumínio
Programa de Calouros no Cine Alumínio
comandado pelo Prof. José Bento dos Santos
nas manhãs de domingos
comandado pelo Prof. José Bento dos Santos
nas manhãs de domingos
Evento Social - Concurso Miss
Sra. Noêmia Cursio (com o esposo José) foi
Engº João Porphirio Sarmento
Fundador da Cooperativa de Crédito
Casas na Vila Industrial (1)
Casas na Vila Industrial (2)
Casas na Vila Industrial (3)
Casas na Vila Industrial (4)
MUDANÇAS ALTERARAM O VISUAL DA VILA
Muitas casas foram demolidas pela direção
da Cia. Brasileira de Alumínio
Para a implantação de estacionamento de
automóveis ou pátio de carretas
E implantação de projetos ambientais
O COMÉRCIO NA VILA SANTA LUZIA, PAULO DIAS E NAS DEMAIS QUE SURGIRAM COM O DECORRER DO TEMPO
Com o surgimento do loteamento que recebeu o nome de Vila Santa Luzia e outras
posteriormente, a CBA aproveitou para acabar com a cessão de imóveis para fins
comerciais na Vila Industrial.
Assim, o
comércio, antes centrado na vila da fábrica deslocou-se para as propriedades particulares, como demonstro através desta sequência
fotográfica.
fotográfica.
Capela de Santa Luzia
Vista aérea das propriedades da família Cerioni
(ao fundo - residências e comércio)
Nota Fiscal do Armazém do
Sr. José Cerioni
Os irmãos Hamilton e Joaquim Cerioni sucederam
o pai Dário no ramo de açougue e leiteria
Assim como o caçula Valderi
(foto atual)
Neste prédio onde hoje funciona
um restaurante
Luzia (Bida) Cerioni Fabiani
Bazar
Residência do Sr. Benedito Cerioni e família
Assim como o caçula Valderi
(foto atual)
Neste prédio onde hoje funciona
um restaurante
Luzia (Bida) Cerioni Fabiani
Bazar
Residência do Sr. Benedito Cerioni e família
APÓS O LOTEAMENTO
Neusa Cerioni Duarte, na foto com o esposo
José Henrique - estabeleceu-se com loja de
tecidos na Vila Santa Luzia. A irmã dela, Alzira,
com loja de calçados na mesma vila
O árabe-descendente Salim
Bohazi Jacob atuou no
comércio de horti-frutis
Neusa Cerioni Duarte, na foto com o esposo
José Henrique - estabeleceu-se com loja de
tecidos na Vila Santa Luzia. A irmã dela, Alzira,
com loja de calçados na mesma vila
Móveis e Eletrodomésticos
na Vila Sta. Luzia
Carlos Rodrigues da Paz
Benedito de Souza Filho
Restaurante da família Watanabe
Loja do Geraldo Xavier de Lima
Paulo Simões
Farmácia
Esdras José T. Penna
Posto de combustíveis
Arlindo Taraborelli
Armazém de Secos e Molhados
(funcionou anteriormente em Pantojo)
(funcionou anteriormente em Pantojo)
Dra. Lais Lippi Ciantelli
Odontologia
Bar do João Paulo Tibúrcio (ao centro, à direita do violeiro)
Promovia festivais sertanejos - Vila Paulo Dias
Jairo Antunes dos Santos
Vila Paulo Dias (Mercearia)
CONCLUSÃO
Bar do João Paulo Tibúrcio (ao centro, à direita do violeiro)
Promovia festivais sertanejos - Vila Paulo Dias
Jairo Antunes dos Santos
Vila Paulo Dias (Mercearia)
José Aparecida Tisêo
Maurel Miller
Oficina Mecânica de autos
(Vila Pedágio)
(Vila Pedágio)
Outros comerciantes se estabeleceram nas Vilas Santa Luzia e Paulo Dias, dos quais não temos fotos mas podemos citar como: Bar Divino Mestre, do Sr. João Pereira Gusmão, Restaurante da Família Coan, Mercearia do Sr. Ezequiel Miguel de Melo,Loja da Japonesa, Consultório Odontológico do Dr. Kenji Tutya, etc.
EXPANSÃO DA CIDADE
Alumínio
progrediu com o surgimento de muitos bairros. Seu comércio, antes restrito à
Vila Industrial se expandiu pelas mais antigas, quais sejam Santa Luzia e Paulo
Dias e depois para os demais bairros que surgiram como Brasilina, Paraíso,
Pedágio, Progresso, etc.
Como transferi
residência para a vizinha cidade de Mairinque em 1980 e desliguei-me do
trabalho em Alumínio em 1991, perdi o contato mais direto com a localidade e
por causa disso não ouso historiar sobre essa terra hospitaleira após esses
acontecimentos.
No entanto, utilizando-me das redes
sociais, é raro um dia que não posto alguma coisa sobre o então Município de Alumínio,
condição que a localidade conquistou em 1991, tendo seu próprio governo
municipal. Antes disso, em 1980, Alumínio se tornara um distrito de MairinqueCONCLUSÃO
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação, ou por mensagem no Facebook.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero em exercício da Igreja Presbiteriana do Brasil, servindo atualmente na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Viagem magnífica pelo tempo. Vivi 25 anos nessa cidade. Meus parabéns por esse belíssimo trabalho.
ResponderExcluir