APRESENTAÇÃO
No dia 13-06-2015 terão passados trinta anos desde que o Dr. Antonio de Castro Figueirôa, Diretor Industrial da Cia. Brasileira de Alumínio por várias décadas, se foi. Achei que deveria escrever alguma coisa sobre o assunto e aí está o que consegui expor.
Espero que apreciem meu relato.
(na foto, o Dr. Antonio de Castro Figueirôa)
O FIM DE UMA ERA
Como disse na apresentação, foi no dia 13 de junho de 1985 que o Dr. Figueirôa faleceu. Eu havia entrado em serviço às oito horas e pouco depois recebi a mais inesperada ligação telefônica da minha vida profissional. Era o Sr. Philemon de Medeiros, Chefe do Escritório informando-me que o Dr. Figueirôa havia falecido naquela manhã, ou mais precisamente, que morrera enquanto dormia.
Em seguida ele instruiu-me sobre o que eu deveria fazer a partir daquele
momento: Ir ao gabinete do falecido no 4º andar do edifício da Administração e
de lá comunicar o fatídico acontecimento a todas as quarenta e duas chefias de departamentos da fábrica. Em seguida ligar para os jornais e emissoras de rádio da região.
Não sei o porquê, mas minha primeira ligação foi para o Engenheiro
Dirceu Guimarães, o qual demorou a acreditar no que estava ouvindo. Quando
cheguei ao último nome da lista, as informações já haviam corrido e se cruzado
pelos meandros da grande usina.
O velório foi na Igreja Matriz de São Francisco de Paulo, a qual ficou
literalmente tomada pelos colaboradores, amigos e admiradores do grande homem que
foi Antonio de Castro Figueirôa.
No dia seguinte seu corpo foi levado ao Cemitério da Saudade. Estava
encerrada uma era na administração da Cia. Brasileira de Alumínio.
Se existia e existem ainda hoje aqueles que viam no Dr. Figueirôa uma
figura por demais austera, é inegável sua influência na formação do homem
integral. Para ele, o tempo que usava no atendimento aos estudantes ou
familiares deles não era algo perdido, mas investimento nas vidas daqueles
rapazes que se formaram, se profissionalizaram e constituíram suas famílias, edificaram
o patrimônio próprio e hoje reconhecem, como faço eu, a importância daquele
homem nas nossas vidas.
O Engenheiro José Netto do Prado, que estava dirigindo outra empresa do
Grupo Votorantim (Níquel Tocantins) retornou a Alumínio e assumiu a Diretoria
Industrial da CBA. Eu fui fazer parte da Gerência Administrativa, chefiada pelo
Sr. Philemon. Logo depois foi inaugurado o prédio novo da Administração,
incluindo o terminal rodoviário.
A BIOGRAFIA DE ANTONIO DE CASTRO
FIGUEIRÔA
Antonio de Castro Figueirôa era filho de João Pereira de Castro Figueroa e Evangelina de Carvalho Castro Figueirôa, nasceu em 10 de dezembro de 1918 na cidade de Ouro Preto- Minas Gerais. Casou-se com Madeleine Stroesser Fegueirôa com quem teve cinco filhos: Alexandre, João Guilherme, Marco Antonio, Ricardo e André Augusto.
Cursou do primário ao colegial em Ouro Preto e de 1938 a 1944 cursou 6 (seis) anos dos 3(três) cursos de Engenharia Civil - Minas- Metalurgia sendo diplomado em 30 de junho de 1944 pela Escola Nacional de Minas e Metalurgia da Universidade do Brasil. Prestou serviço militar e realizou também em Sorocaba o Curso da Escola Superior de Guerra - ADESG.
Em janeiro de 1979 recebeu medalha (30 anos) "Dedicação e Lealdade" como Diretor do Grupo Votorantim. Homem de formação cristã mostrava-se católico praticante desde a infância. Foi Rotariano no período de 1959 a 1982.
Recebeu o título de Cidadão Mairinquense em 27/10/1962. Recebeu o título de Comendador, por seus méritos e esforços na área da educação e de formação profissionalizante. Recebeu a Medalha comemorativa do Sesquicentenário da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Recebeu da FIESP/CIESP através do SESI/SENAI o título de "Dirigente Industrial – Padrão”, ainda que empregado da empresa.
De 1944 a 1949 exerceu cargo de engenheiro assistente e engenheiro chefe na Aciaria da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira na Usina Sabará chegando a ser Diretor Industrial. Em 1949 passou a trabalhar na Siderúrgica Barra Mansa, como engenheiro de aciaria e a partir de abril de 1950 passou para o cargo de Diretor Industrial.
Em 1º de agosto de 1955 veio trabalhar na Companhia Brasileira de Alumínio que foi inaugurada em 04 de junho de 1955 ocupando o cargo de gerente e a partir de 1959 de Diretor Industrial e Engenheiro Metalurgista, supervisionou a partida de grande parte dos fornos eletrolíticos da fase original, onde a usina possuía capacidade de 10 mil toneladas ao ano. Em 1985, ano em que Dr. Figueirôa veio a falecer a capacidade da CBA era de 200 mil toneladas ano.
Sua dedicação e trabalho na indústria de Alumínio, permitiu que com sua colaboração a empresa crescesse vinte vezes em trinta anos.
Não bastasse a dedicação ao trabalho na atividade industrial ele ainda encontrava tempo para plantar e semear providências com o objetivo de erradicar o analfabetismo, incentivar a educação, a profissionalização e qualificação da mão de obra. Fazia tudo que estava ao seu alcance para melhorar a renda per capta da família aluminense, para viabilizar caminhos de conquistas de empregos, da sonhada e labutada casa própria, enfim dos meios para melhoria econômica e social dos que trabalhavam na construção de uma Alumínio melhor.
Tendo sido um destacado e brilhante engenheiro no campo técnico, curiosamente talvez tenha deixado como sua marca registrada inesquecível para aqueles que o conheceram suas ações e realizações no campo social. No convívio familiar mostrava-se infatigável e sempre jovem para encarar novos desafios e ações construtivas.
O único sonho e ideal que não pode em vida ver realizado foi a emancipação de Alumínio.Ele queria muito ver Alumínio livre, emancipada e como uma cidade modelo.
Fonte:
Câmara Municipal de Alumínio.
A LEMBRANÇA EXPRESSA POR UM EX ESTAFETA
“Faço parte do quadro de funcionários da CBA desde os 14 anos de idade.
Iniciei minhas atividades como Estafeta (Office-Boy), no Setor Guardas, hoje
Setor de Vigilância.
Este fato verídico aconteceu numa quente tarde de janeiro, em 1970.
Lá estava eu no meu posto, quando, por volta das 1Sh1S, o meu chefe, Sr.
Orlando Silva, me entregou um documento que precisava ser analisado pelo então
Diretor Industrial Dr. Antônio de Castro Figueirôa. Disse-me também que o mesmo
se encontrava na área de expansão do Setor de Laminação. Apanhei o documento,
coloquei-o dentro da minha pasta e rumei rapidamente para o local indicado. A
Empresa não permitia que menores de idade cumprissem mais de oito horas de
jornada de trabalho e se eu não me apressasse, certamente não cumpriria a
tarefa até as 16 horas, horário do término da minha jornada.
Lá chegando, não foi difícil localizá-lo, pois se encontrava
bem no meio do terreno que estava em processo de terraplanagem. Durante a
caminhada até o local, eu transpirara bastante. Quando estava a alguns metros
do Diretor, passou por mim um caminhão levantando a nuvem de poeira, a
maior que eu já vi até hoje. Não preciso relatar como ficou o meu rosto:
com muito suor e muita poeira. Aproximei-me e aguardei, pois o Dr. Figueirôa
naquele momento conversava com o Sr. Honorato Nogueira (Chefe do Setor TV 3).
Em meio à conversa, esticou o braço para apanhar o documento de minhas mãos.
Sem interromper o assunto, assinou o papel e voltou-se para entregá-l o a mim.
Foi neste instante que percebeu o meu estado e disse-me:
- Jovem, parece que senhor não se deu bem com a poeira daqui? - É,
Doutor, aqui tem um bocado de pó. Mas parece que o senhor não foi atingido -
respondi.
- É que eu me encontro a favor do vento, meu jovem!
Rindo, ele gesticulou chamando o seu motorista e disse:
- Sr. Tameiros, por favor, leve este jovem até o Setor Guardas, pois
esta caminhada até aqui o deixou em péssimo estado!
Entrei na caminhonete e fui levado ao meu setor todo satisfeito por mais
uma missão cumprida e em tempo hábil e, ainda, pela atenção do Diretor para
comigo. Ao chegar no setor, ainda faltavam 25 minutos para as 16 horas. Mal
tinha acabado de me lavar na pia do banheiro para "tirar o mais
grosso" (naquela época o setor não dispunha de chuveiros), surge novamente
o Sr. Orlando Silva com outro documento para ser assinado com urgência pelo Dr.
Figueirôa e o único Estafeta presente no momento era eu. Novamente, parti em
direção ao mesmo local, pois certamente ele ainda se encontrava lá. A caminhada
desta vez foi mais forçada, o que fez com que eu ficasse mais suado ainda. A
aproximação até o Dr. Figueirôa foi igual à anterior, eu poderia jurar até que
a nova nuvem de poeira que me cobriu novamente foi causada pelo mesmo caminhão.
Aproximei-me e desta feita ele estava sozinho. Estendi-lhe a pasta com o
documento. Ele apanhou a pasta e, enquanto fazia a leitura e assinava,
perguntou-me com o semblante mais sério:
- O jovem parece ter gostado da poeira daqui desta área?
- Não gostei não, Doutor, é que não havia mais nenhum Estafeta
disponível no momento - justifiquei.
- Muito bem - disse ele gesticulando para que o seu motorista se
aproximasse - Sr. Tameiros, leve novamente este jovem até o Setor Guardas,
espere que entregue os documentos, que se lave, que marque o ponto de saída e
deixe-o em sua casa que fica na Vila Industrial. Depois disso, o Senhor. venha
me apanhar aqui!
O Sr. Tameiros cumpriu à risca todas as ordens do Diretor e, mesmo
quando eu lhe disse que iria para casa sozinho, não permitiu. Deixou-me na
porta da casa de meus pais e voltou para a Fábrica...”
Fonte: Ademir Pinheiro de Abreu - Companhia Brasileira de
Alumínio, Alumínio, São Paulo.
Transcrito
do livro Votorantim Para Mim (30 Vencedores do Concurso Interno de Histórias).
1918-2003, pág. 14 a 16.
Escola de Minas e Metalurgia
de Ouro Preto - MG
Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira
Cia. Siderúrgica Barra Mansa, RJ
Vista parcial da cidade de Alumínio onde residiu
com a família de 1955 a 1985
Dr. Figueirôa e esposa dona Madalena retratados
em tela pela artista plástica aluminense Sueli
Edwiges dos Santos
Primeiros tempos na Cia. Brasileira de Alumínio
Participando de trabalho de natureza filantrópica
Prestigiando cursos profissionalizantes na CBA.
Na foto com o Engº Celso Vilela de Figueiredo
e Sr. Décio José Antunes
O casal Dr. Figueirôa e dona Madeleine junto ao Dr. José
Crespo Gonzales, Diretor Regional do SESI - Sorocaba
e do casal Prof. Wilson do Carmo Ribeiro e esposa
professora Claudineide Marra Ribeiro
Portaria da CBA nos tempos do Dr. Figueirôa.
5 meses após seu falecimento o novo prédio
da Administração foi inaugurado
Com os colaboradores Philemon de
Medeiros e Helio Lourenço da Silva
do Carmo Ribeiro
Praça João Pereira de Castro Figueirôa
Homenagem feita nos anos setenta ao
genitor do dr. Figueirôa
genitor do dr. Figueirôa
Igreja Matriz de São Vicente de Paulo
onde o corpo do Dr. Figueirôa foi velado
Dona Madalena inaugurando a via pública que leva o nome
do saudoso esposo Dr. Figueirôa na Vila Santa
Luzia em Alumínio
A Educação era a "menina dos olhos" do Dr. Figueirôa. O
Grupo Escolar Comendador Rodovalho foi, durante muitos
anos, a única escola da localidade. Foi construído na
década de 1940
A Escola Professora Isaura Kruger foi construída durante sua
administração na CBA. Após seu falecimento, a escola estadual
existente no Jardim Olidel recebeu seu nome
Luzia em Alumínio
A Educação era a "menina dos olhos" do Dr. Figueirôa. O
Grupo Escolar Comendador Rodovalho foi, durante muitos
anos, a única escola da localidade. Foi construído na
década de 1940
A Escola Professora Isaura Kruger foi construída durante sua
administração na CBA. Após seu falecimento, a escola estadual
existente no Jardim Olidel recebeu seu nome
Alunos da Escola Engenheiro Antonio de
Castro Figueiroa no Jardim Olidel em Alumínio
Nilson Corrêa Raposo, colaborador aposentado recebe o troféu
Antonio de Castro Figueiroa na Câmara Municipal. Na foto
o prefeito José Henrique Mora Duarte e o vereador Jaime
Henrique Duarte
Assinatura do Dr. Figueirôa
Esta faz parte de um documento no
qual a CBA me apresentou como
seu "Operário-Padrão" em 1984
Esta faz parte de um documento no
qual a CBA me apresentou como
seu "Operário-Padrão" em 1984
CONCLUSÃO
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil e membro da Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Este trabalho pode ser melhorado através de críticas construtivas e sugestões. É assim que tenho feito com todas as postagens publicadas em meu blog.
Portanto, se você tiver qualquer contribuição a fazer, poderá entrar em contato comigo através do e-mail indicado no final desta publicação.
SOBRE O AUTOR DA POSTAGEM
É presbítero emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil e membro da Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba.
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Comentário feito por uma das nesta do casal Dr. Figueirôa e Sra. Madeleine Stroesser sobre a postagem:
Prezadíssimo Sr Wilson, é com muita emoção
que neste domingo, dia dos pais, recebo esta linda , indescritível , homenagem
que o Sr fez ao meu avô, não tenho como agradecer, aqui o Sr descreveu uma
história , que nem nós da família teríamos como fazê-la, e o mais importante de
tudo, é saber que fizemos amigos eternos .... Muito, mas muito obrigada, tenho
certeza que meu avô e meu pai lá do céu, juntos, estão emocionados!!! Grande
abraço, amigo. Barbara e família. (09-08-2015)
ESSA ASSINATURA É UMA RELÍQUIA. AGRADECIMENTOS A QUEM POSTOU ESSE DOCUMENTÁRIO QUE É DE SUMA IMPORTÂNCIA PRA QUEM TRABALHOU NESSA ÉPOCA COMO EU E MUITOS APOSENTADOS QUE AMAM ESSA CONCEITUADA FIRMA QUE É A C.B.A HOJE COM OUTRO NOME. OBRIGADO MESMO
ResponderExcluirParabéns Sr. Wilson Ribeiro! Foi muito emocionante ler seu artigo/homenagem a Antônio de Castro Figueiroa (meu tio avô). Realmente foi um homem de brio e talento. Dedicou sua vida à família e ao trabalho. Parabéns a todos... Sucesso!!!
ResponderExcluirSds. mineiras, André
Foi muito bom relembrar nossos tempos de CBA, entrei nessa empresa no dia 03 de janeiro de 1972, coloca mais fotos daquela época pra nois
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