APRESENTAÇÃO
Nesta postagem desejo compartilhar com os leitores
algumas experiências vividas, as quais mostram momentos em que fomos ajudados
por pessoas que mais pareceram anjos enviados por Deus para nos socorrer em
momentos de muitas dificuldades.
Creio que todos têm uns mais, outras menos, experiências
parecidas como as que são narradas nesta postagem para compartilhar.
Espero que gostem das experiências que vivi, às vezes só,
outras com minha querida família.
A Deus toda a glória!
"SARACURA"
A saracura é definida
cientificamente como “uma ave gruiforme da família Rallidae.
Também conhecida como siricoia, saracura e saracura-do-brejo.”
(http://www.wikiaves.com.br/saracura-do-mato)
Pois bem: nascido na região
rural do município de Campos Novos Paulista, interior do Estado de São Paulo,
já aos oito anos comecei a ouvir de meus coleguinhas de escola o nome
“saracura”. Como não sabia o que era aquilo, perguntei à minha mãe e ela, sem
saber da motivação da pergunta, foi logo explicando que era um passarinho que
vivia lá na beira da água. “Um frango d’água” completou.
Não gostei nada da
comparação feita pelos companheiros de estudos até porque sabia que a gozação
era feita por causa do meu jeitão desengonçado: magricela, pernas muito
compridas, andar arrastado. E sabem como são essas coisas: quando não se gosta
aí é que a gozação aumenta.
O tempo passou. Mudamo-nos
para o município de Santa Cruz do Rio Pardo, indo morar no sítio onde foi
instalada uma olaria e meus pais iriam trabalhar nela. Eu fui ficar na casa de
minha tia Leonina, na cidade para continuar os estudos. Estava no segundo semestre da terceira série
primária. Para fazer o primeiro semestre eu havia ficado noutra cidade n ao
muito distante dali: São Pedro do Turvo, na casa de uma tia de minha mãe.
Não demorou muito e um dia
ouvi a temida palavra:
Saracura! Saracura!
O complexo de inferioridade
batia forte. No entanto eu não era um sangue de barata. Se fosse, não
caminharia os oito quilômetros de estradinha de terra entre matos e capoeiras
que separavam a cidade e o sitio onde meus pais moravam para passar parte do
fim de semana com eles.
Certo dia eu voltava da
escola quando alguns meninos passaram por mim e soltaram a voz em uníssono:
- Saracura. Oi Saracura!
No que passaram por mim,
soltei um chute que acertou o trazeiro de um deles. Ele virou-se para mim, e
com o punho fechado desferiu um soco em meu estômago. Senti as pernas
afrouxarem, porém eles estavam ali parados na minha frente. Quadro tenebroso!
Foi quando vi que um senhor
do alto de sua montaria, gritou com a molecada, expulsando-os dali. Ainda meio
zonzo, percebi que aquele era nada mais nada menos que meu tio Antonio. O meu
querido tio que gostava tanto de mim e eu dele!
Só não dá para explicar como
foi que ele, vindo lá da olaria, chegou ali naquele lugar bem naquela hora em
que eu mais precisava!
Coisas de anjos que Deus envia!
DOCE DE FIGO
Estávamos em setembro de 1965
e minha esposa Claudineide, então com vinte anos de idade estava grávida,
esperando nosso primeiro filho que viria a se chamar Wilson Cláudio. Morávamos
numa casinha da CBA à Rua Álvaro de Menezes, parede-e-meia com nossos amigos
Jasiel e Ruth Ferreira, muito próximo ao estádio da Associação Atlética
Alumínio.
Num determinado domingo à
tarde haveria um culto de evangelização da Igreja Presbiteriana de Alumínio e o
Coral Ebenezer daquela igreja cantaria como parte do culto. O regente era o
presbítero Gediel de Moura, de saudosa memória.
Logo após o almoço uma febre
muito alta tomou conta do organismo da jovem gestante. Não tinha nenhuma dor
nem qualquer sintoma que pudesse levar à constatação que houvesse uma infecção.
Bem!
- Oi. O que foi benzinho.
- Estou com vergonha de dizer mas estou com uma vontade tão
grande de comer figo em calda!
- É?
- É sim.
- Então vou comprar.
Procurei no bar do Sr. Pedro
(que viria a ser o bar da AAA). Não tinha o tal doce. Havia três armazéns em
Alumínio, o do SESI, o do Sr. José Cerioni e o do Sr. Paulo Dias. Mas era
domingo e eles estavam fechados. E a febre não cedia.
Foi aí que tive uma ideia:
fui bater à porta da casa do Sr. José Cerioni (não me lembro se ele já era
falecido nessa época). Quem tocava o estabelecimento eram os filhos dele Benedito,
Artêmio e o genro Enio Fabiani, casado com a dona Bida. O prédio abrigava o
armazém e a residência deles (os que citei menos o Benedito). Mais tarde o Artêmio
teria seu bar e dona Bida seu bazar. O Ênio morreria num acidente
automobilístico na Rodovia Raposo Tavares, altura de Mailasque.
Logo que bati à porta da
residência ela se abriu. A esposa do Sr. Cerioni, dona Ines (não é Inês) veio
atender. Cumprimentei-a e expliquei-lhe a delicadeza da situação.
- Vem comigo moço. Vamos no
armazém para ver se tem lá. Percorremos vários corredores e atravessamos
diversos cômodos até que chegamos ao armazém. Fomos olhando nas prateleiras
e... lá estavam as latas: figo em caldas!
- Vou levar. Quanto é minha
senhora?
- Não sei não. Leva e depois
você passa por aqui para acertar com os meninos.
Abri a tampa da lata usando
uma faca de cozinha como meu pai fazia lá na casa dele. e entreguei-a à minha jovem esposa. Ela comeu ali mesmo, quase todo o conteúdo da lata..
Parece que aquele doce era a coisa mais gostosa do mundo. E talvez tenha sido mesmo nas condições
dela. De imediato a febre foi embora e nós fomos ao Cine Alumínio participar do
culto. E agora lendo o que escrevi ela diz que não enjoou de doce de figo.
No dia seguinte passei no armazém para acertar a conta e dona Ines perguntou-me se a febre da esposa havia passado. E acrescentou:
- É moço, com essas coisas não se brinca!
No dia seguinte passei no armazém para acertar a conta e dona Ines perguntou-me se a febre da esposa havia passado. E acrescentou:
- É moço, com essas coisas não se brinca!
Demos graças a Deus e
ficamos eternamente gratos à dona Ines, aquela amável e atenciosa senhora que naquele dia foi um anjo de Deus em nossas vidas.
NAS ÁGUAS DO RIO IAPÓ
Rolava o ano de 1971 e
resolvemos visitar o cunhado Claudino Marra Júnior na cidade de Castro no sul
do Paraná. Ainda não tínhamos carro, porém meu mano José, sim. Ele com a esposa
Josita, o filho Marco Antonio, eu, minha esposa Claudineide e nossos filhos
Wilson Cláudio, Eliane e Flávia, esta, um bebezinho.
A cidade de Castro é cortada
pelo rio Iapó, afluente do Iguaçu. É bastante caudaloso, piscoso e muito
atraente para os banhistas, existindo uma prainha muito bem conservada pela
municipalidade.
Eu não sabia nadar, porém
resolvi brincar no rio. Distraidamente fui me deixando levar mais para o meio,
onde a profundidade foi aumentando. Minha esposa e minha cunhada olhavam nossas
crianças se divertindo ora na beiradinha da água ora na areia da prainha.
Meu irmão, que à época era
um homem jovem e magro, sabia nadar muito bem, porém não estava dentro da água;
sorvia uma bebida geladinha e conversava à beira do rio.
Como disse, eu permanecia em
pé no meio das águas: até certo ponto estas batiam em minha cintura, Dali há
pouco no peito. Em dado momento percebi que estavam batendo na altura do
pescoço e pensei que deveria retornar. Dei um passo nesse intento, porém não
encontrei chão. Desequilibrado, tentei novamente e nada! Percebi que já estava
na horizontal e começando a afundar.
- Socorro! A voz já saiu
meio rouca visto que estava bebendo água. Percebi o esforço de um rapaz que
estava ali por perto em me alcançar e soltei o corpo. Logo percebi que outros
braços juntaram-se ao do rapaz e conseguiram resgatar-me, levando-me para terra
firme onde minha esposa e as crianças assustadas davam graças a Deus pelo
livramento.
Eu tinha noção da besteira
que havia cometido e ouvia uma voz dizendo que me deixassem por um pouco que
ele iria tentar levar-me novamente às águas que era para eu não ficar
traumatizado. Ele insistiu, porém eu quis colocar minha roupa e sair daquele
lugar.
Além do rapaz, que depois vi
que era bem mais baixo do que eu, os braços que me resgataram das águas foram
de meu próprio irmão José. Ele é seis anos mais novo do que eu, está aposentado,
mas trabalhando muito apesar das dificuldades com o seu excesso de peso. Ele
sabe que o amo muito e oro por ele todas as noites. Sabe da gratidão que tenho
por ele ter salvado minha vida há mais de quarenta anos. Porém esta crônica,
escrevo-a para testemunho de minha gratidão. A ele e àquele rapaz que nunca
mais o vi. Foram anjos usados por Deus para resgatar-me das águas,
possibilitando-me continuar minha vida junto de minha esposa, daqueles filhos
que já tínhamos e do Artur que viria seis anos depois.
PERDIDO EM ITANHAÉM
Em 1971 fomos à casa de
praia da Associação Atlética Alumínio pela primeira vez. Não tínhamos carro e a
viagem foi feita de ônibus, via São Paulo e Santos. Éramos eu, minha esposa d.
Claudineide e os três primeiros filhos: Wilson Cláudio com cinco anos, Eliane
com pouco mais de dois e a Flávia com sete meses.
Estando lá na colônia de
férias, saí com o Dionizio Bazzo, meu colega de trabalho para comprar alguns
gêneros alimentícios numa mercearia que havia distante uns quinhentos metros.
As ruas eram ainda totalmente desertas, visto não existir outras edificações.
Havia bastante vegetação natural e um pouco mais adiante no sentido Peruíbe
outra colônia com diversas casas.
Eu e meu companheiro de
trabalho Dionizio Bazzo fomos a uma mercearia distante uns quinhentos metros
comprar alguns gêneros alimentícios. A Marli, filha de meu amigo quis ir junto
e o Wilson Cláudio também. Saímos os quatro em direção a tal mercearia dos
Sargentos, mas logo após dobrar a primeira esquina meu filho quis retornar.
Então o Dionizio disse à filha que voltasse com o menino, visto que ela era
mais velha e já estava mais acostumada com o local. Logo depois lá estava ela de
volta conosco e, indagada pelo pai, explicou que o menininho quis voltar
sozinho.
Quando retornamos com as
compras minha esposa perguntou-me pelo Wilson Cláudio. Expliquei a seqüência
dos fatos. Mas... Deus do Céu. O menino não havia aparecido por lá. Escrevendo
isso hoje, quarenta e dois anos depois, ainda sinto um arrepio percorrer meu
corpo.
Aí saiu todo mundo para
procurar o menino. Naquelas casas logo adiante as pessoas se irmanaram na busca
e depois de quase duas horas o alivio: Lá longe, vimos três homens, um deles
com uma criança nos braços. Aquilo encheu nossos corações de esperança. Fomos
ao encontro e... era ele mesmo!.
Cheios de gratidão para com aqueles
homens que nunca havíamos visto antes e nunca mais vimos depois, quisemos saber
como eles haviam encontrado o menino. E aquele anjo em forma de gente nos
disse:
Fácil: Vimos ele chorando,
perguntamos onde ele morava e ele disse que era em Alumínio. Como na casa da
colônia de férias tinha a placa com esse nome foi fácil saber que ele tinha
vindo de lá.
Coisas de Crianças. De
Anjos. E de um pai que não teve a responsabilidade necessária num momento que
precisava tê-la.
PEDRAS NA PISTA
Em 1979 morávamos em Alumínio e resolvemos visitar nossos familiares em Pouso Alegre, Minas Gerais. Trabalhei até as dezesseis horas na CBA e pegamos estrada: eu minha esposa d. Claudineide e os filhos, estando o caçula Artur com pouco mais de dois anos.
À época tínhamos um Corcel
71 cor de vinho bem conservadinho. Tomamos a Raposo Tavares e chegamos à
Marginal Tietê... bem na hora do rush. Quando chegamos ao início da Rodovia
Fernão Dias era quase nove da noite.
À época eu tinha apenas 38
anos e não tinha nenhuma limitação visual ou de qualquer outro tipo. Tudo
estava correndo bem, quando próximo da cidade de Extrema, pouco depois da
divisa entre São Paulo e Minas ocorreu o inesperado: duas pedras de tamanho
avantajado, haviam sido colocadas sobre a pista asfáltica.
Embora tenha conseguido
desviar delas, o fundo do carro foi atingido. De imediato percebi que o motor “apagou”,
não havia marcha, apenas a direção e os freios estavam normais. Como era
descida, fomos em frente até avistar casas ao lado da rodovia e ali
estacionamos o veículo.
Ainda estávamos a noventa
quilômetros de nosso destino. O carro não funcionava mesmo, então decidimos
empurrá-lo mais para perto de uma cerca existente e tentarmos continuar a
viagem de ônibus. No outro dia viria como meu cunhado pastor-mecânico resgatar
o carro.
Passaram ônibus, mas não
pararam. Um caminhoneiro parou, quis dar lição de moral e seguiu em frente. Nós
orávamos e até mesmo o caçulinha fazia isso. Foi quando parou uma Kombi.
- O que aconteceu amigos?
Contei-lhe todo o ocorrido.
Ele fez questão de dar uma olhadinha no carro e depois disse:
- Vamos embora. As crianças
podem se deitar aí em cima desses panos (peças de tecidos) e vocês vão aqui
comigo. E foi o que aconteceu. Sentamos ao lado daquele homem, o qual nos
contou que ia da cidade de Itatiba com aquele carregamento de tecidos da
fábrica Argos justamente para Pouso Alegre. Não faltou conversa até lá.
O homem, do qual não sei
dizer o nome estacionou o veículo defronte a casa de nosso cunhado, entrou,
tomou um cafezinho e disse adeus. Nunca mais nos vimos.
No dia seguinte, logo de
manhã meu cunhado foi comigo até onde estava o carro. Ele consertou o varão do
câmbio que ficara torto com a pancada na pedra e o duto de gasolina que se
rompera e voltamos à sua casa.
Coisas de Crianças (de
rapazes e de anjos que Deus coloca em nossas vidas).
BICICLETA DESENFREADA
Fazia pouco tempo que
estávamos morando no Jardim Cruzeiro em Mairinque. Não eram muitas as casas
habitadas no bairro e também não existia ainda o viaduto ligando o bairro ao
centro da cidade.
A família do Sr. Jovelino de
Oliveira Tomaz, assim como a nossa, era oriunda de Alumínio e nossos filhos
eram muito amigos. Algumas das meninas da família Tomaz haviam ajudado em casa
a cuidar das nossas, posto que eram mais velhas, principalmente a Azenate, de
tão saudosa memória.
Assim era comum as nossas
irem até a chamada gleba B para passar alguns momentos na casa da família
Tomaz, que até hoje mora no mesmo local, lá nas imediações da farmácia do
Luizinho. E foi no retorno de uma dessas visitas que ocorreu a pequena aventura
que conto nestas linhas.
Depois de passar algumas
horas em companhia de dona Maria e das filhas, a Eliane e a Flávia, minhas
filhas de aproximadamente 11 e 13 anos resolveram retornar para casa. Pegaram a
bicicleta e se puseram avenida afora, “morro abaixo”. A velocidade foi
aumentando e as duas entraram em pânico: não conseguiam frear a “magrela”.
A Eliane, pernas mais
compridas, sentada na garupa tentava diminuir a velocidade firmando os chinelos
no asfalto o que de pouco adiantava. Foi quando elas viram crescer na frente
delas aquele homem de braços abertos disposto a sofrer o choque do pequeno
veículo desgovernado e fazê-lo parar. E ele conseguiu.
Quando nos vem à mente que
lá à frente, depois da Avenida Mitsuke só havia a linha do trem num buracão
enorme, há que se valorizar muito mais a corajosa ação daquele senhor que não
levou em conta sua vida para salvar vida das duas meninas. O nome dele: Roque
Aldigheri.
Coisas de Crianças. E
de heróis anônimos
APAGÃO
No final do ano de 1983 eu
estava me sentindo bastante cansado. Também não era para menos: trabalhava das
oito às dezessete horas na Cia. Brasileira de Alumínio dirigia-me à Mairinque
onde morava com a família no Jardim Cruzeiro e trabalhava em duas escolas:
Supletivo Municipal de Mairinque e Sistema Educacional Barão.
Em São Roque eu lecionava
Sociologia Industrial e Psicologia do Trabalho no curso de 2º Grau Técnico em
Segurança do Trabalho. No Supletivo, em dias alternados entre Mairinque e
Alumínio exercia a função de Orientador Pedagógico.
Naquela noite cheguei em nossa
casa por volta das vinte e duas horas e trinta minutos vindo de São Roque e
como fazia costumeiramente conversei com minha esposa também professora, além
de cuidar da casa e dos quatro filhos. Passamos o dia a limpo rapidamente e ela
foi banhar-se. Eu deitei-me e peguei no sono.
Quando ela saiu do banheiro
eu estava passando mal. Debatia-me, batendo fortemente com os ombros na
cabeceira da cama e tinha o olhar esbugalhado. Gritava de dor e não reagia a
nada do que ela falava comigo.
Nosso filho mais velho, o Wilson
Cláudio à época com dezessete anos acordou e foi correndo à casa do Dr. James
Beal Munhoz, nosso vizinho, amigo e conceituado médico em Mairinque e região.
Ele veio correndo.
- Ele está tendo um infarto –
disse ele à minha esposa. E ele mesmo ligou ao seu amigo cardiologista Dr.
Antonio Carlos Augusto, o Coca pedindo para que fosse à Beneficência
Hospitalar. Dr. James chamou também a ambulância, a qual veio rapidamente e em
pouco tempo eu estava no hospital o qual ficava bem próximo de nossa casa.
Tudo que escrevi aqui eu sei
porque minha esposa Claudineide me contou. Fique aproximadamente seis horas “fora
do ar”. Quando recobrei os sentidos percebi que estava no hospital, rodeado
pelos médicos, pelo vizinho e solícito enfermeiro Dionizio e por minha esposa Claudineide.
Outros procedimentos vieram
posteriormente, como colocar a clavícula no lugar, fazer exames no coração e no
cérebro. Usei medicamentos durante vinte e nove anos, tenho seqüelas e faço
exames periodicamente. Caminho uma hora todos os dias e tenho muito boa
memória.
Memória suficiente para jamais
esquecer aqueles profissionais da medicina, em especial do Dr. James que foram
anjos de Deus em minha vida naquele “vale da sombra da morte.”
CHORA NÃO, MENINO!
Morávamos no Jardim Cruzeiro
em Mairinque. Eu trabalhava na CBA, minha esposa d. Claudineide lecionava em
escolas estaduais e os filhos estudavam. O caçula Artur, à época do fato que
vou narrar, também brincava visto que era um pré-adolescente de treze anos.
Certo dia coincidiu de
chegarmos juntos – eu e minha esposa, lá pelas dezoito horas e nossa filha
Eliane veio toda assustada ao nosso encontro. Percebemos que algo de anormal
estava ocorrendo e ela colocou-nos a par da situação.
Explicou que ela estava trabalhando na cozinha
quando ouviu o Artur chamar pelo nome dela lá no começo da escada. Um dos
braços dele esvaia-se em sangue e ele estava com o rosto branco como quem iria
desmaiar. Ela correu, pegou uma toalha, envolveu o braço dele e pediu socorro
na casa da nossa vizinha mais próxima.
Para não alongar muito:
fomos à Beneficência Hospitalar e encontramos o Artur deitado, com a cabeça
recostada no colo da professora Doroti Antunes e um médico aplicando os últimos
de algumas dezenas de pontos no braço do garoto. Quando ouviu nossa voz, quis
chorar, mas se conteve quando recebeu carinhosas e encorajadoras palavras da
vizinha benfeitora.
Aquele terreno com areia para construção, cujo
muro vizinho tinha cacos de vidro havia sido a causa do acidente. Porém o
registro aqui é feito, não para criticar ninguém, mas sim para deixar lavrado
nossa gratidão à nossa vizinha da qual tivemos o prazer de desfrutar de sua
amizade por vários anos.
Dia destes recebi a foto da
professora Doroti Antunes para colocar na “Pequena História do Município de
Mairinque” que escrevi. Lá ela está porque faz parte da História da Educação em
Mairinque. Mas ao ver sua foto não pude deixar de relembrar do dia em que ela
foi anjo por uma dia em nossas vidas. Quem levou o Artur ao hospital naquele
dia foi o André Zaparolli.
Doroti e André: Um beijo
meu, de d. Claudineide e do Artur no coração de vocês.
PRIMEIRA VIAGEM
Em 1995 Rodolfo e Eliane
resolveram visitar a irmã dela, Flávia, que estava fazendo o curso de Serviço
Social na Universidade Estadual em Londrina, onde estudava também o Willy,
namorado dela.
Casados há pouco mais de um
ano, Rodolfo e Eliane ainda estavam lutando para alcançar a estabilidade
financeira. Pagavam prestações do apartamento e agora haviam adquirido um
carrinho – Fiat 147 bem usadinho. O pai dele, Sr. Messias insistiu para que viajassem
com o carro dele, bem mais novo, porém preferiram ir de “carro-próprio”
Tudo correu muito bem até a
altura da cidade de Bandeirantes, quarenta quilômetros para chegar ao final da
viagem. De repente o motor começou a falhar, até que parou de funcionar. Será
que “fervera” o motor? O que fazer? Havia água no radiador e o nível do óleo do
cárter estava normal. As correias, intactas.
Enquanto o jovem casal
matutava na possível solução, já sabendo que não teria como consertar o carro
de pronto e nem onde deixá-lo, eis que surge um senhor todo empoeirado, vindo do
meio de um canavial:
- Boa tarde!
- Boa tarde!
- Que aconteceu com o carro
moço?
- Sei não. O trem parou e o
motor começou a esfumaçar. Acho que fundiu (Rodolfo é engenheiro e tem boas
noções de mecânica de autos).
- Se preocupe não. Vou pegar
meu caminhão e reboco seu carro até a oficina de um amigo meu lá na cidade. É
gente conhecida e de confiança. Depois o moço pega um ônibus na rodoviária para
ir até Londrina.
Dito e feito. O dono da
oficina, gente boa, diante da recomendação daquele senhor, guardou o Fiatzinho,
em sua oficina. Rodolfo e Eliane pegaram o ônibus e concluíram a viagem de ida
para passar alguns dias com a Flávia e o Willy.
Não se ouviu mais falar
daquele anjo em forma de um prestativo dono de caminhão. Mas se soube que a
Eliane estava grávida da Mariana, embora não o soubesse até a realização dessa
viagem. Bem: mas isso é assunto para falar de outro anjo...
NOTA SOBRE O AUTOR
Wilson do Carmo Ribeiro é industriário aposentado e pedagogo.
É presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil desde 1975, exercendo atualmente seu ofício na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba (Barcelona).
E-mail: prebwilson@hotmail.com
NOTA SOBRE O AUTOR
Wilson do Carmo Ribeiro é industriário aposentado e pedagogo.
É presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil desde 1975, exercendo atualmente seu ofício na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba (Barcelona).
E-mail: prebwilson@hotmail.com
Muito boa estas suas histórias amigo... Deus continue sempre te abêençoando cada dia mais abraços fraternos.
ResponderExcluirDorimar Rodrigues