quinta-feira, 1 de maio de 2014

WILLIS ROBERTO BANKS - O EVANGELISTA DOS SERTÕES



INTRODUÇÃO




Por volta do ano dois mil e cinco o presbítero Saulo de Oliveira, companheiro nas lides na Igreja Presbiteriana de Araçoiaba da Serra emprestou-me um livro. O nome da obra: “Banks Ainda Hoje”,  escrito por Calebe Soares.
        O amigo Saulo sabia de minha admiração pelos Banks, pois sempre citava um deles em minhas conversas ou mesmo nas aulas da Escola Dominical.
- Você conhece bem o neto, disse-me. Mas precisa saber o que fez o avô dele. Leia isto aqui e depois me diga o que achou do trabalho desse homem.
        Apreciador de História, li e gostei muito da narrativa bem elaborada do livro. Mas causou-me maior admiração o trabalho de Willis Roberto Banks, um homem que foi convertido ao Senhor Jesus Cristo e que, enfrentando grandes dificuldades, plantou uma igreja e desta o Evangelho se irradiou para todo o litoral sul paulista.
        Passados alguns anos, sempre me lembrando da saga dos Banks, escrevi sobre o neto. Agora senti o desejo de divulgar em meu blog de forma resumida o trabalho do avô pioneiro e me vali de uma página do historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, Reverendo Valderi Matos de Souza. É o que você verá em seguida.



 PIONEIRISMO



Willis Roberto Banks nasceu em Guaraqueçaba, Paraná, em 15 de novembro de 1864. Seus pais eram norte-americanos. O menino foi criado e educado em Curitiba e mais tarde conheceu na localidade de Tibagi a jovem Vicência da Cruz Machado, natural de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, com quem se casou.

Tiveram uma única filha, Izaltina. Após residirem por algum tempo na fazenda do pai de Vicência, em Tibagi, foram para o sertão do norte do Paraná, onde viveram por seis ou sete anos.
Quando ali estavam, receberam a visita de dois engenheiros norte-americanos que vinham medir terras em missão do governo. Um deles era Guilherme Lane, filho do Dr. Horace M. Lane, diretor do Mackenzie College, em São Paulo.
Regressando a Tibagi, Willis começou a ler um Novo Testamento que lhe haviam dado em Curitiba. Sentiu-se tocado pela conversão e pelas viagens de Paulo.
Inteligente e empreendedor, inventou máquinas para fabricação de polvilho, tornou-se agrimensor e adquiriu conhecimentos de medicina prática através da leitura de uma conhecida obra de Chernoviz. Sempre inquieto, tornou-se co-proprietário de uma padaria na cidade de Castro. Atendendo a apelos insistentes da esposa do seu sócio, D. Fortunata Zimermann, entrou pela primeira vez em um templo evangélico, na Igreja Presbiteriana. Gostou do que ouviu e tornou-se freqüentador assíduo. Três meses depois, foi recebido por profissão de fé pelo Rev. Thomas Jackson Porter. Sua decisão foi muito mal recebida pela esposa, que havia ficado em Tibagi, e pelos pais da mesma.
Porém, Fortunata e Vicência haviam sido amigas de infância e esta acabou também aceitando o evangelho, sendo recebida por profissão de fé pelo Rev. George L. Bickerstaph.

Foi então que Willis recebeu uma carta do Dr. Horace Lane convidando-o para administrar a sua fazenda Poço Grande, em Juquiá, no litoral sul de São Paulo. Essa fazenda havia pertencido a uns norte-americanos que vieram para o Brasil após a Guerra Civil em seu país (1862-65).
Depois de uma recusa inicial, com insistência do Dr. Lane, Willis acabou aceitando o convite. Foi visitar o local e teve má impressão, mas não quis voltar atrás em sua palavra. Diante da resistência da família, conversou com o Rev. Bickerstaph, que disse pressentir que Deus o chamava para uma obra especial naquele lugar.
A família então empreendeu a penosa viagem de carroça, trem, navio, vapor e canoa até a fazenda Poço Grande, ali chegando no dia 16 de janeiro de 1897.
Willis começou a realizar cultos domésticos, inicialmente sem intenção evangelística, mas a assistência foi se tornando cada vez mais numerosa.
Através do Dr. Lane, convidou o Rev. Modesto P. B. Carvalhosa para visitá-los. O Rev. Carvalhosa, pastor da 2ª Igreja Presbiteriana de São Paulo, permaneceu por mais de uma semana em Poço Grande, em meados de 1898, tendo recebido trinta e seis pessoas por profissão de fé, inclusive Izaltina Banks, e batizado vinte e seis menores. Surgiu assim a primeira Igreja Presbiteriana e, na época, a única igreja evangélica do extenso litoral sul-paulista, da qual Willis se tornaria presbítero.

A Igreja de Juquiá foi formalmente organizada pelo Rev. Carvalhosa em 10 de outubro de 1900. Nessa ocasião, Willis Banks foi eleito presbítero.
Sob a liderança de Willis, foi construído um templo no topo de uma colina às margens do rio Juquiá, a dois quilômetros de Poço Grande, no lugar conhecido como Morrinho.
Algum tempo depois, o casal Banks iniciou uma escola em sua casa, onde também residiam os alunos, crianças pobres que vinham de longe.
Com seus modestos conhecimentos de medicina, prestavam assistência ao povo da região, inclusive realizando pequenas cirurgias.
Depois de seis anos como administrador da fazenda e evangelista da região, Willis resolveu voltar para o Paraná. Fez a difícil viagem a São Paulo para comunicar a decisão. Nessa viagem, que Willis fez diversas vezes para ir a reuniões do presbitério ou do sínodo, ele tinha de caminhar até Osasco (quase 200 km) e então tomar o trem, já próximo de São Paulo. O Dr. Lane e o Rev. Carvalhosa insistiram para que não abandonasse Juquiá. O casamento da filha com um rapaz dessa cidade fez com que o casal desistisse de retornar ao Paraná, passando a residir naquele local.
Iniciou-se uma igreja em Juquiá, da qual um dos primeiros membros foi o Sr. João Adôrno Vassão, pai do futuro Rev. Amantino A. Vassão.
Willis Banks prosseguiu com seu ministério evangelístico e terapêutico. Inventou as chamadas “pílulas Banks” para tratar as muitas pessoas atacadas pela verminose. Ao mesmo tempo, visitava assiduamente as congregações nascentes e evangelizava os lares.
Mais tarde, o casal Banks residiu por cinco anos em Ponta Grossa. Nesse período, o campo evangelístico de Juquiá foi visitado pelos Revs. Erasmo Braga, Coriolano de Assunção, Júlio Sanguinetti, Robert Daffin, João Paulo de Camargo e James Porter Smith.

Em 1918, o casal Banks e os netos mais velhos foram residir no bairro da Lapa, em São Paulo. Mediante autorização do Rev. Matatias Gomes dos Santos, pastor da Igreja Unida, Willis iniciou uma escola dominical. Seu trabalho evangelístico resultou no primeiro grupo de convertidos, que fizeram sua pública profissão de fé na Igreja Unida e formaram o núcleo inicial da Igreja Presbiteriana da Lapa.
Três anos mais tarde, o casal Banks voltou para Juquiá. Como havia feito em Morrinho, Willis montou uma olaria e construiu um belo templo.
Com um barco de alumínio doado por uma igreja americana, continuou a viajar e a pregar por toda a extensa região. Iniciou um ponto de pregação em Iguape, onde, entre os primeiros convertidos, estavam o Sr. Evaristo Ribeiro e esposa, pais do futuro Rev. Zaqueu Ribeiro. De Morrinho, Juquiá e Iguape, o evangelho irradiou-se por todo o Vale do Ribeira.

Após cinco ou seis anos em Iguape, o velho casal retornou para Juquiá, onde D. Vicência faleceu em 20 de setembro de 1940, sendo oficiante em seu enterro o Rev. Amantino Vassão. Adoentado, Willis seguiu para São Paulo, onde os médicos, dentre eles o Dr. Job Lane, do Hospital Samaritano, diagnosticaram câncer no estômago.
Diante do seu desejo de ser sepultado em Juquiá, foi levado de automóvel para aquela cidade. No dia seguinte, 22 de março de 1942, um domingo, o dedicado evangelista faleceu aos 77 anos de idade.


 
Um neto do pioneiro seguiu a carreira ministerial – Rev. Willes Banks Leite, falecido em 1996.
Ao longo dos anos, a Igreja do Morrinho vem sendo um apreciado local para encontros e retiros dos presbiterianos da região.

Postagem sobre o Rev. Willes: http://wilson-ribeiro.blogspot.com.br/2013/02/reverendo-willes-banks-leite-um-pouco.html

  
 
  


AUTORIA DO TEXTO

Fonte:

Adaptado do texto do
Rev. Alderi Souza de Matos

Pastor presbiteriano, Historiador oficial da IPB.

http://www.morrinho.com.br/sobre-o-morrinho.html





ACERVO FOTOGRÁFICO 


 Vale do Ribeira - Área de atuação do pioneiro


 Casa da família Banks em Juquiá


 Rua Willis Roberto Banks em Juquiá


 Templo da I.P. de Morrinho


 Templo da IP de Juquiá


 Templo da IP de Iguape


 Templo da IP da Lapa, SP


 A histórica Morrinho...


Com o rio Juquiá passando nas 
proximidades do templo


Rev. Alvehy Banks, bisneto pastor. 
Na foto com a esposa Eneida


 Rev. Eduardo Florêncio, pastor casado 
com a bisneta Vicência   
 


Site das fotos de Morrinho:  
http://www.morrinho.com.br/paisagens-vista-dos-ranchos.html


  
 Vídeo - Morrinho, Um Pedacinho do Céu

CONCLUSÃO


        Quando achamos que fizemos alguma coisa pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e nos deparamos com o trabalho feito por homens de Deus como Willis Roberto Banks ficamos até um tanto envergonhados. Sim, pois vivemos numa época em que temos tudo mais facilitado: moramos em cidades, temos meios de locomoção facilitados, templos bem edificados, obreiros teologicamente preparados, serviços de telecomunicações, recursos de áudio e som. Isto e outras coisas mais que ele não teve.
        Que o exemplo de coragem, iniciativa e abnegação desse servo de Deus nos inspire para nos dedicarmos mais à semeadura do Evangelho de Jesus Cristo.




AUTORIA DA POSTAGEM


 O Presbítero Wilson do Carmo Ribeiro, 72 anos é industriário aposentado e pedagogo. Exerce o presbiterato na Igreja Presbiteriana Rocha Eterna de Sorocaba, SP.
E-mail: prebwilson@hotmail.com

2 comentários:

  1. Irmão Wilson, essa matéria tão bem estudada e tão bem elaborada com tanto zelo e dedicação, usando o que existe de mais avançado dos nossos recursos de telecomunicação dos nossos dias, certamente tem servido de incentivo e despertamento para a igreja de Cristo, e particularmente para a minha vida. Deus abençoe grandiosamente o irmão. Que com isto, possamos repensar cada vez mais na missão de Cristo que foi confiada a nós. Abraço fraterno.

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